sexta-feira, 30 de março de 2012

Banheiro Masculino


Muito se fala sobre o que as mulheres tanto fazem no banheiro e o porquê dessa extrema necessidade de irem juntas ao toillet.
Após anos de pesquisa, descobri que vocês aproveitam o xixi para arquitetar planos malignos, fofocar, falar mal da gente, se maquiar e conferir o corpo da outra, seja para exibir o seu que emagreceu ou para ficar feliz ao saber que você não é a única que está fora do peso.
Sem contar que vocês urinam se olhando, conversam enquanto se limpam e se apertam para mostrar o silicone novo.

Ok!

E nós homens?

Sabe como funciona o banheiro masculino?
(Bom, pelo menos o banheiro masculino hétero).

Sabia que existem regras e passatempos?

Vou contar.

Para começar...

Homem não chama outro para ir ao banheiro.

A gente pode até jogar a informação no ar:
- “Vou mijar!”

E o máximo que pode acontecer de repente é rolar um:
- “Vou também!”

Normalmente o banheiro masculino nunca tem fila.
Salvo em dias de jogos de futebol ou quando algum filho da puta está cagando ou cheirando cocaína.
Mesmo assim a fila é rápida.

Seja lá qual for o teor da conversa vai terminar assim que a porta se abrir.
Ao contrário de vocês que falam para caralho no banheiro feminino, no nosso a conversação é estritamente proibida.
Banheiro masculino é um silêncio só.
Nem amigos conversam.

Olhar para o lado é o mesmo que começar uma guerra!

Por isso que as paredes são cheias de desenhos, palavras populares de baixo calão ou quadrinhos que ensinam algo sobre a fermentação da cerveja.
É para olhar apenas para baixo ou para frente.

Homem é bobo! Para passar esse tempo de forma mais agradável criamos jogos como:

Escultura de gelo!
Sabe-se lá porque, colocam gelo no mictório, mas o maneiro é que a urina quente o derrete, então a gente fica esculpindo artes.
Eu por exemplo sou expert em fazer smiles no gelo.

Destruição do limão!
Quando não tem gelo, tem limão, aí o objetivo é destruir o limão com o jato da urina.
Esse também é divertido porque o limão fica todo esbagaçado.

Separação do cigarro!
É o mesmo princípio, só que ele abre todinho. 
Você ganha quando separa o filtro, o papel e o tabaco.

Transbordamento de copo!
Essa é fácil, é só encher o copo até transbordar como se tivesse tirando um chopp.

Mas nada se compara...
..a corrida das naftalinas.

No mictório coletivo, jogam dezenas de naftalinas para tirar o cheiro.
Quando você vai mijando elas andam.
O jato tem que durar até a naftalina chegar o outro lado.
Aí você ganha!

Mas esse só dá para jogar se você estiver sozinho no banheiro, óbvio!
Senão você mija no cara ao lado.

Diz a lenda que uma vez, um cara mijou na perna do outro sem querer.
O maluco ficou tão puto que pegou o porta papel higiênico cravou na jugular do cara, jogou o cadáver no sanitário e deu descarga.
E ninguém se meteu.

Pia ninguém usa, então geralmente tem apenas uma.
É desrespeitoso você ficar atrás do cara esperando ele acabar para você lavar a mão.
Então ninguém espera.
E se você está sozinho no banheiro vai lavar a mão pra quê?
Então ninguém lava.

No máximo passamos a mão suja no cabelo para dar brilho.

Nas raras vezes que a gente lava a mão é um estresse. 

A porra do suporte do papel toalha que vem escrito:
“Use apenas duas folhas, alta absorção!”
Mentira!
Mermão, quando você pega a primeira folha ela já está toda encharcada e não serve para porra nenhuma. A segunda também.
Ou seja, para enxugar de verdade tem que usar umas duzentas folhas.
Por isso que nunca tem!

O mais certo é secar as mãos na calça mesmo.

Enfim, essas são as regras que nunca podem ser quebradas.

Mas teve um dia...

Estávamos os três amigos no banheiro quando um rompeu a lei do silêncio:

- “Eu preciso contar uma coisa para vocês.”

Eu e outro amigo nos entreolhamos por um segundo e continuamos a mijar.

- “Sério gente! Eu preciso desabafar!”
- Catatau! Se existe o pior para você dizer aos seus amigos que é gay, com certeza esse lugar é o banheiro!
- “Não é nada disso, é que aconteceu uma coisa comigo ano passado.”
- "Catatau! Se existe o pior lugar para você dizer aos seus amigos que foi estuprado, com certeza esse lugar é o banheiro!"
- “Escuta gente!”

Eu já tinha acabado de mijar mas continuei na posição que estava.
Escamoso foi lavar as mãos.

Viu como tudo começou a desandar, né?

Não víamos Catatau havia uns cinco anos. O que será que houve?

- Desculpe. Fala!
- "Lembram da Natucha?"

Natucha era a ex namorada dele, uma mulher linda, morena...
E grande!
Não era gorda, não! Era grande mesmo!

- “Nós estávamos transando, sabe a posição onde você fica deitado e a mulher fica por cima quicando?"

Só tem adulto aqui, né?
(Crianças, parem de ler e vão ver TV!)

 - Han!
- “Sabe quando o pênis sai totalmente da vagina e entra novamente?”

Escamoso fez cara de tarado.
- “Sei, sei..”

- “Não é bom quando isso acontece?”

Eu estava pressentindo que era história de terror.
- Sim, é ótimo!

- “Sabe o que aconteceu? Numa dessas saídas, quando foi entrar, meu pênis bateu entre o ânus e a vagina dela.

- "Uiiiiiiiiiiiiiii! E aí? 
- "E aí que ele quebrou!"

PUTA QUE PARIU!
A imagem de um pênis quebrando.

Escamoso deu um pulo:
 - “Porra Catatau, vai tomar no cú! Que porra de história é essa, viado?”

(Escamoso tinha a boca suja para caralho!)

- Como assim quebrou o piru, cara?
- “Quebrou! Tive que operar e tudo”.
- E agora?
- “Agora ele só fica duro pela metade, a outra fica mole.
- Ah! Pára de caô!
- “Eu ia brincar com uma história dessas? Estou contando porque pode acontecer com qualquer um”.

Escamoso não pensou duas vezes:

- “Mostra!”
- “Mostrar como? Vou ficar duro aqui?
- “Dá o seu jeito! Angelo, você num quer ver o piru dele?

Já tínhamos quebrado todas as regras mesmo, estava curioso.

- Quero! Mostra logo essa aberração aí pra gente.
- “Tá!

E Catatau, contra todas as regras estabelecidas desde os neandertais mostrou o pinto para gente dentro do banheiro.

Metade dura e metade mole.

- CARALHO!!!!!!!!!!
- “CARALHO!!!!!!!!!!”

Desse dia para cá, nunca mais fiz essa posição segurar com força na cintura dela pra manter a altura no limite.

Eu precisava contar essa.

Fica o aviso.

terça-feira, 27 de março de 2012

A Cama


Hoje, o celular me despertou, bateu na parede e caiu embaixo da cama.
É alto! Então eu precisei me esticar para pegá-lo, só que ainda sonolento, perdi o equilíbrio e caí no vão entre a cama e a parede, e de cabeça para baixo.
Fiquei preso com as perninhas para cima.
Ridículo!
Tentei não fazer barulho, mas sem querer bati com o pé na cortina e acordei minha mulher que me ajudou
Poucas vezes eu a vi acordar rindo tanto.

Na verdade, só uma vez...

Eu estava no segundo estágio do namoro.
Naquela fase em que você começa a dormir na casa da mulher.
Para economizar a grana do motel, claro!

A cama era de solteiro.
E ficava dentro de uma espécie de caixote de madeira, tipo um berço.
Era estranho.
O tamanho do caixote era certinho o tamanho dela.
Pergunta se eu sou do tamanho dela?

Meu pé sempre ficava para fora da cama, batendo na quina da madeira.
Era muito agradável.

Mentira.

Tinha uma vizinha que era soprano-dramática.
Saca? Estilo Maria Callas.


Imagina a mala da sua vizinha cantando ópera o dia todo.


Só não era mais estranho porque tinha a porra de um papagaio do outro vizinho que acordava todos os dias e assobiava Patience! Do Guns n` Roses.

Tudo bem se vocês não acreditarem, eu entendo perfeitamente.

Minha namorada também tinha uma cadela.

Mermão...

O animal desenvolveu uma técnica de latido impressionante...
Primeiro ela dava tipo um grito assim para assustar:
- “UOU!”
Estilo Michael Jackson.
Depois emendava uma seqüência supersônica que doía lá no tímpano.
A maníaca da cadela latia alto para caralho!

Aqui para nós, ninguém da casa agüentava.

Quando a cachorra faleceu a síndica e os moradores deram uma festa.

Também tinha um velinho que passava o dia tocando "Pure Elise" no piano.
A casa do velhinho parecia uma caixinha de música.


Em frente da varanda do apartamento, estavam quebrando uma pedreira gigante para uma construção.

Preciso fazer o barulho da máquina destruindo a pedreira?

- “BROBROBROBROBROBROBROBROBRO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!”

Maquita:
- “IiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiieeeeeeeeeeeEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE!”

E bate estaca:
- “PAH! PAH!  PAH! PAH! PAH!  PAH!...!”

Foda!

Mas...  “o amor, faz a gente enlouquecer...”

- “Amor, minha mãe vai viajar e a gente pode se “mudar” para o quarto dela.

Sou de família...

- Ah! Não vou dormir na cama da sua mãe de jeito nenhum...
- “Mas ela liberou!”
- Melhor não...
- “Tem cama de casal, menos barulho e ar condicionado.”

Passamos quinze dias dormindo lá direto.

Aí minha sogra voltou de viagem e acabou-se o que era doce.

(Minha sogra é um Conta Uma à parte, deixa quieto!)

Voltamos para o quartinho.

Só que nesse mesmo dia eu ia beber com os amigos e depois ia dormir lá.

Cheguei na casa dela tarde para caramba e bêbado. Óbvio!
Apaguei na cama.

No meio da madrugada eu levantei para mijar.

Meio bêbado e meio sonânbulo...

Na volta do banheiro voltei para cama.

Dei uma encoxada, um beijo no cangote e dormi conhinha.

- “Ohhhhh! Angelo!”

Mermão...

O quarto todo congelou e começou a rodar...

(Não fiz isso!)

- “Angelo...Eu acho que você errou de quarto!”

Mermão, eu estava deitado na cama da minha sograaaaaaaaaaaaaa!!!!!!!

Puta que pariuuuuuuuuuuuu!

Fiquei branco, vesgo e gago e comecei a tremer...

- Me desculpa sogra, pelo amor de deus...

Imagina a merda que esse erro podia dar?

Corri para o quarto certo igual criança.

Me cobri na cama rezando para que tudo fosse sonho.

Mas era um pesadelo.

Minha sogra começou a rir muito alto:
- “Hahahahahahahahaah!”

Minha mulher acordou:
- “O que houve mãe?”

A sogra não perdoou:
- “Seu namorado errou de cama!”.

- “Hihihihihihihihhihihihhhih”

A risada descontrolada das duas acordou as irmãs.

O que houve gente?
- “Angelo dormiu com mamãe!”
- Quaquaquaquaquaquaqua”

E todas riram muito de madrugada iguais umas loucas:
- “Haquahihaquahiquahiahahhahhahahhha”

Menos eu.


segunda-feira, 26 de março de 2012

Vírus de bruço


Demorou a sair o blog hoje, né?

É que esses últimos dias foram tão sinistros, que fiquei até sem inspiração para lembrar alguma história boa.


Eu posso me abrir com vocês, né?
Afinal, blog também é para isso...


Nesse fim de semana finalmente consegui me organizar para gravar o meu primeiro vídeo.
Um piloto para o vlog Conta Uma.

Detalhe que eu demorei à beça (nossa que palavra arcaica, nem sei se é assim que se escreve) para entrar no Orkut, agora tenho Facebook, Twitter, Blog e agora Vlog.

- Nerd!
Daqui a pouco os fortões vão me bater atrás do meu dinheiro do lanche.

A gravação do vídeo seria no fim de semana.
Estava tudo certo!

Um amigo meu que é profissional e craque no assunto conseguiu uma brecha na agenda só para me ajudar.

- "Mas tem que ser nesse fim de semana."

Equipamento, figurino, locação, maquiagem até coreógrafo tinha!

Só esqueci de combinar com o destino.

Na quinta feira, minha filha trouxe para casa algo letal dentro do seu corpo.

E o negócio sofreu alguma mutação, sabe?

Uma parada daquelas que vem com macaco?

Sei lá, tipo Cólera, Ebola, Peste amarela, Magia negra...

Tipo Antrax!


- Vamos levar a menina para o doutor.

O médico experiente e sapiente chegou na magnífica e impressionante conclusão:
- “É virose!”

Jura?!


Minha filha estava girando a cabeça e vomitando verde.

Eu sei, é que a tal da virose fez igual o Jack Bauer.
Só precisou de vinte e quatro horas para aniquilar minha família.

Febre, dor no corpo, cólica, vômito, diarréia, depressão, perda de dignidade,  consciência e visão.

Segundo amigos franceses:
- “Isso é muito comum na Europa!”

Que chique!

E em plena sexta, dia internacional da putaria...
Estávamos todos pregados na cama igual puta fazendo hora extra.
Eu parecia o Tutancâmon.

E olha que eu tinha marcado até salão de beleza para dar um trato na imagem. 
Sabe como é, né?  
Aquela photoshopada básica!
Mas no sábado eu era a imagem e semelhança do Mun Ha.
Nem tinha coragem de olhar o meu reflexo.
Meus olhos pareciam saídos de um filme do Tim Burton, saca?

- Babou a gravação...
- “Que merda!”

A febre, o Tilenol segurou!
Dor no corpo é cama, não tem jeito!
Cólica a gente suporta.
Apesar de que em homem dói muito mais, sem discussão!
Vomitar é desagradável, mas já vomitei muito nessa vida, foda-se!
Agora...

(Nem queria falar sobre isso, vão dizer que eu já estou me repetindo.)

Diarréia...
Diarréia do demônio!
Aquela que fode com tudo!
Aquela que faz você ficar no escuro do banheiro sozinho, encolhido, pensando.
Ela não é sua amiga.

E pode ter certeza que para homem é sempre pior.
Mas é gente!
Mulher já está acostumada a sentar no vaso e botar líquido para fora.
Sem contar que de vocês sai sangue, sai leite, sai colostro, sai corrimento, sai placenta, sai feto, sai criança, sai alien.
Sai tudo de dentro de vocês porra!
Vamos combinar que vocês são estranhas.

Vocês são lindas, são gostosas, são mágicas, mas são estranhas!

Mas num quesito, diarréia é igual para todos:
Todo mundo fica com medo de peidar.
E todo peido é uma aventura!

O clima do banheiro e de final de Big Brother.
Tem emoção, tem lágrimas e você nunca sabe ao certo quem vai sair.
Só falta o discurso do Bial.

E assim se foram todos os lençóis da casa ao som do Flávio Venturini.
A casa parecia o Umbrau.

No ápice do desespero qualquer alimento vira Kriptonita.
Você fica entre a fome e o medo.
Medo de magoá-lo.

Sempre digo:
Bem aventuradas sejam as mulheres que trouxeram a ducha higiênica para nossas vidas
Porque antigamente além da dor de barriga, você ainda passava o infortúnio de ficar todo assado, lembra?

Ficava igual o bico do Grande Otelo.

Bom, enfim.

Sobrevivemos e a casa voltou a ganhar cor e aroma de jardim.

Estou de volta! Com brilho nos olhos, sorriso no rosto e peido firme. 


Prometo que a inspiração voltará e mais uma do Conta Uma sairá.

sábado, 24 de março de 2012

O saco


Eu nem devia contar essa, mas...


Primeiro dia:
Acordei com uma dor no saco chata.
- Estranho, nem dei um rala ontem.

 Quando eu era jovem era assim. O rala doía o saco!

Segundo dia:
A dor aumenta e o saco está do tamanho do meu punho.
- Caramba, devo ter dormido em cima dele então...

Terceiro dia:
A dor é insuportável e o saco está do tamanho de um melão.
- Puta que pariu! Vou ter que ir ao médico.

Odeio médicos!

Minha mãe me levou ao urologista.
 Eu andava como se estivesse um anão pendurado nas minhas bolas.

- Dr. O que está acontecendo?
- “É, meu rapaz. Isso chama-se Hérnia inguino-escrotal.”
- “Uma alça do seu intestino se instalou dentro da sua bolsa escrotal.”
- What!??
- Você machucou essa região a pouco tempo?
- Tive um incidente, mas já faz dois anos:

- “Hummm...Olha! Não vou mentir! Isso é muito grave, pois o intestino pode descer de uma vez só, te estrangular e você pode morrer a qualquer momento.

Mermão, que isso?

Eu parafusei Jesus com uma furadeira?
Morrer estrangulado no saco pelo próprio intestino?
Que porra de morte é essa?

- “Como está no início, se você agüentar, eu posso tentar colocá-la de volta ao lugar com a mão.
- “Mas é sem anestesia."

Imagina?

- “Mas se eu conseguir, eu te livro da cirurgia.”

Odeio cirurgias.

Deitei na maca, segurei na mão da minha mãe e mentalizei o azul...
- Vai doutor!

Foda-se a dor do parto!

Imaginem um cara, em cima de você, colocando todo o peso do corpo em cima do seu saco, apertando com muita força, tentando pôr o seu intestino no lugar.
Sem anestesia.

Insuportável.
Ninguém nunca mais faz aquilo comigo.

E no final:
- “É Angelo, infelizmente não deu. Vamos ter que operar.”

Os olhinhos chorando de tristeza e temor.

Operaria na manhã seguinte urgentemente.

Quarto dia:
Sensação de morte, saco vermelho do tamanho daqueles sacos de pancada.

Eu estava desesperado.

Para completar toca o meu telefone.
Era Angélica, minha ex-namorada evangélica:


- “Puxa amoreco, que coisa chata hein? Fica tranqüilo que vai dar tudo certo, tá!
- Obrigado...
- “Só mais uma coisa, você vai tomar anestesia Ráqui?”
- Vou.
- “Ih! Então toma cuidado, porque uma amiga minha soluçou na hora da anestesia e ficou paraplégica.

Mermão, macumba de evangélico é foda!

Alguém precisa ouvir uma merda dessa antes de fazer uma cirurgia?
Ela fez de vingança, claro!
Só quadriplicou o meu medo.

E para completar mais ainda, o babaca do anestesista entrou na sala comentando sobre futebol.
- “Cara, Romário jogou muito ontem...”

(Por favor! Meu filho! Pára de falar e se concentra!)

Botou a roupa e pegou a injeção. Agulha grande!
- “...Por pouco, o Fluminense não leva uma goleada...

(Se concentra seu filho da puta, presta atenção no que está fazendo!)

Deu a anestesia falando do Flamengo. Tirou a roupa e foi embora zoando o faxineiro tricolor.

Não prestou atenção em nada. 
Nem olhou nos meus olhos.

Desceu um líquido quente pelo meu ânus e depois não senti mais nada da cintura para baixo.
Sinistro.
Seja o que Deus quiser.

O meu caso era tão esquisito que durante a cirurgia, vários outros médicos vieram dá uma olhada na operação.
E eu, contra todos os calmantes que me deram, assisti a tudo, cheio de vergonha.

A cirurgia foi um sucesso!

Duas horas depois.
- “Olha, eu sou especialista em pontos, quase não vai aparecer cicatriz.”
Era uma médica bonita, parecia Simone, a cantora.
- Nem tinha pensado nisso, obrigado!

Minha preocupação era outra:
- Dr. Quanto tempo vai levar para o efeito da anestesia passar?
 (Dr. Quanto tempo vai levar para eu saber se estou paraplégico?)

- “Daqui uma meia hora passa.”
- Ok! Mãe, que horas são?
- “Meio dia!”

12:30!
- Mãe, chama o Dr Paulo aqui por favor, não consigo sentir nada ainda.

Dr. Paulo chegou no quarto meio emburrado:
- “O que foi Angelo?”
- Nada, não! É que o senhor disse que durava meia hora e até agora nada.
- “Às vezes demora um pouquinho mais, 13h já deve ter passado”.
- Tá bom então!

Quando ele cruzou a porta.

- Mãe, presta atenção, o viado do anestesista não prestou atenção em porra nenhuma do que estava fazendo, com certeza ele fez merda.
- “Calma meu filho. Vamos esperar”
- Tá bom então.

13:30.
- Mãe, já se passaram uma hora do tempo que o médico disse. Olha para mim! Você precisa ser forte! Seu filho está paraplégico! Acabou!

Coitada da minha mãe.

Chama o Dr. Paulo de novo.

- “O que foi dessa vez Angelo?”
- Está tudo bem doutor! Só o seu anestesista que passou o tempo todo falando de futebol e com certeza atingiu minha coluna. Agradece a ele por mim, por eu ter ficado paraplégico!

- “Angelo...Ele tem cem anos de profissão. Se acalma que vai passar.

O efeito da porra da anestesia só foi passar às três horas da tarde.
Vai tomar no cú!

Eu esse tempo todo imaginando minha vida numa cadeira de rodas.

Nunca fiquei tão feliz em mexer um dedinho.

- “Hora de trocar o curativo!”

Mermão, quando a enfermeira tirou o curativo que tampava tudo:

- Caralhooooooooooooooooooooooooooo!

Tinham trocado meu pênis por outro.

Parecia um pinto de jumento.
Gigantesco.

Chama o Dr. Paulo

- “Caramba Angelo, o que foi dessa vez?”
- Porra Doutor! O senhor está de sacanagem comigo? 
- Eu só quero saber onde vocês colocaram o meu piru, porque esse aqui não é meu!

Dr. Paulo tinha uma paciência...

- “É assim mesmo rapaz, essa cirurgia dilata os vasos...”

E deu lá uma explicação técnica.

Realmente com o passar das horas, o menino foi voltando ao normal.
O normal não é pequeno não, tá? Me respeitem!
É que antes estava exagerado de grande, vocês não têm idéia!

Ao receber alta...

- Dr. Paulo, desculpe aí as maluquices, mas eu estava muito nervoso.
- “Ah! É normal! Qualquer coisa nessa região mexe com o psicológico mesmo!”
- Doutor, só uma perguntinha. Quanto tempo até eu poder transar?

O filho da puta do médico vira as costas e manda guilhotinamente:
- “Dois anos!”

O coração parou na hora.
As pernas tremeram, a garganta fechou e o sangue foi resfriando.
 AVC

- “Sacanagem, daqui um mês está liberado!”

E saiu rindo.

quinta-feira, 22 de março de 2012

A noiva fantasma

 
Hoje vou contar uma história diferente. Uma história do meu coração.

Vocês acreditam em lenda?
Estou falando de lenda de verdade, não esses boatos maldosos que espalham por aí.
Tipo esse agora que inventaram, que se você ouvir o CD do Michel Teló ao contrário escuta a voz da Xuxa.
Isso é maldade. Estou falando de lenda.
Como a do Boto que engravida a virgem e depois volta para o mar ou a da loira que arranca o fígado do cara e o deixa na banheira com gelo.

Eu tenho minha própria lenda.

Eu me apresentava com o grupo num barzinho todo fim de semana.
Éramos: “Os Cavaleiros do Apocalipse”.
Ney e Elias no violão, Mazza na percussão e eu na voz. 

Hehehe... Essa agora nem eu aguentei... “Eu na voz” foi foda!

Eu não sou cantor, mas todo bêbado que se preze acha que é.
A verdade, é que a gente pagava para tocar no bar.
Enchíamos a cara e nos divertíamos.
Numa dessas “apresentações”...
(Em homenagem ao meu ex-grupo vou tirar as aspas).

Numa dessas apresentações apareceu ela: Renata.

Uma mulher elegante e arrumada.
Arrumada demais inclusive. Estava vindo de alguma festa com certeza. 
Cheia de jóias, andando firme encima dos sapatos finos.
- Até o toc, toc, toc do salto era diferente.
Tinha um cabelão de comercial de shampoo, sabe?
Mulher tratada, uns sete anos mais velha que eu.

Sentou numa mesa sozinha e pediu uma cerveja.

Humm...O cenário não estava combinando. Sabe jogo dos sete erros?

- “Foi só eu chegar para vocês pararem de cantar?”
- Estou esperando você pedir uma música.

(Mostrou a bunda eu taco talco)

- “Rsrs...Então eu quero... A Rosa, de Chico Buarque!”

Ney viola mandou uma introdução daquelas.
E a gente cantou o buquê inteiro. Várias músicas!
E assim ficamos amigos da Renata.

Eu, que era mais abusado, um pouquinho mais.

- “Obrigada pela noite agradável, mas eu tenho que ir.”

Puxou um cheque do Distrito Federal e pagou a conta de todas as pessoas do bar. De todas!

- Que isso Renata, não...
- “Faço questão!”

Ninguém se mexeu.

Mermão! O taxista que ela fez sinal, tinha uma cara de assassino de Renatas da porra!

- Querida, vem cá por favor!
- “Oi”
- Olha só, não sei de que galáxia você surgiu, mas nesse planeta, vagabundo arranca teu braço inteiro para pegar esse anel aí.

Anel de Rubi.
Fora cordão, pulseiras, brilhantes...

- “Tem razão! Faz o seguinte, me acompanha!?”
- Hum!?
- “Vem!”

O taxi me deixou na porta de casa, quando eu saltei, ela foi tirando todas as jóias e jogou na minha mão

- “Guarda para mim! Amanhã pego com você!”
- Está maluca mulher? Você nem me conhece!
- “Como não? Passei a noite inteira com você. Você não é de confiança?”

Olhei para o mini tesouro.

- Sou, né? Mas...
- “Amanhã eu te ligo.”

E foi embora.

Cheguei em casa minha mãe estava vendo Supercine:
- Mãe olha aqui!

Maluco, quando mamãe me viu chegando em casa, de pileque, em plena madrugada, cheio de jóias na mão, ficou branca e começou a tremer...

- “Meu filho, onde você arrumou isso pelamordedeus!”

(Um dia eu conto Todo Sobre Mi Madre)

- Mãe, você não vai acreditar, um mulher que eu nunca vi na vida deixou comigo para guardar.

Ela deu uma inspecionada no anel de rubi e até se benzeu.
- “Meu filho, que perigo...Que mulher é essa?”

No dia seguinte, Renata me liga:
- “Olá! Está em casa? Estou passando aí.”

Nem esperou o convite para entrar.
Bom, vampira a gente sabe que ela não era!

Chegou mais alegre que o Luigi Baricelli no caminhão do Faustão.
Minha família a adotou, tanto que começou a freqüentar minha casa.
Ela sabia conquistar as pessoas.
Sabia comprar também.

E entre uma visita e outra:
- “Quer namorar comigo?”
- Quem?
Eu não queria namorar ninguém, nem estava apaixonado, mas...

Durante um mês de namoro eu nunca vi ninguém gastar tanto dinheiro em tão pouco tempo e sem sentido.
Sempre pagava a conta para todo mundo em volta, sempre ia aos lugares mais caros, ficava cinco minutos e ia para outro, dava presentes, etc.
A mulher era inquieta!

Eu me sentia meio Julia Robert em “Pretty Woman”.
Acreditem ou não, dinheiro não enche meus os olhos tanto assim.

Às vezes, eu tinha que segurar a onda dela:
- Renata, calma! Você tem alguma doença terminal, é isso?
- “A vida é terminal Angelo!”
- “Hahahahaha...”

A risada era de maluca mas o argumento era bom.

E todos os dias que eu chegava do trabalho tinha uma Rave em casa.

Num fim de festa desses, com todo mundo deitado no chão da varanda igual foto da segunda guerra, ela mandou:
- Está pronto para dar o próximo passo no nosso relacionamento?

Todos os bêbados presentes abriram um olho.
Inclusive eu com a cabeça no colo dela quase dormindo:
- Que passo mulher?
- “Casa comigo?”
- Hã?...caaaaaaaaso, claro!

E voltei a dormir.

- “Jura? Então vamos nos casar!”
- Agora? Espera até amanhã.

Levantou de supetão (Nunca ficava bêbada) e puxou minha mãe, cheia de cerveja, pelo braço:
- “Vem sogrinha.”

Saíram.

Ney viola:
- “Tá fudido, do jeito que essa mulher é maluca, vai arrastar a porra de um padre até aqui.”

- Vai nada...É maluca mas não é doida!
A mulher não ia arrastar um padre até lá, né? Há limites!

Duas horas depois:
- “Deu sorte, Sr. Angelo Morse, que não tinha mais nada aberto...”
- Puxa, que chato hein...
- “...Mas eu quero pelo menos comemorar nosso noivado.”
- Pega uma lata ali e vamos brindar!
- “Não, eu quero sair!”
- (Puta que pariu...)

Fomos para a suíte presidencial mais cara da cidade.

Eu era um ser mitológico de tão doido: Metade bêbado e metade defunto.
Sei que depois da comemoração, quando sentamos para jantar...
(lembro como se fosse hoje!)
...Renata de camisola preta e sorriso Heleninha Roitman, chega na mesa com uma garrafa de champagne na mão a outra mão no meio das pernas escondida:

- “Tenho uma surpresa para você!”

Pronto! É agora que essa filha da puta vai puxar uma pistola e me matar.
Caí numa porra de lenda urbana, puta que pariu!
Se for levar meu rim, meu pulmão ou meu fígado está fudida!
Discretamente, peguei o garfo e a faca igual um samurai.

- Qual surpresa Renata?

A mulher me coloca a porra de uma caixinha preta de veludo na mesa, abre e me mostra duas alianças.

Cuspi o camarão no cabelo dela e engasguei:
- Ruft! Cof, cof, cof, cof, cof...

Meu telefone toca na hora:
Era mi madre:
- “Parabéns meu filho, tem coisas na vida que são assim mesmo...”

Minha mãe estava radiante. O filhinho ia casar...

Eu sei que a vida é inverossímil, mas essa estava demais!
De cabeça cheia e saco vazio, não tive outra escolha senão concordar.
Botei a porra da aliança no dedo e fiquei noivo, simples assim.
(Amanhã eu converso com ela.)

No dia seguinte, chegando em casa...
- Renata, sério, você não acha...
- “Surpresa!”
 Tinha uma festa de noivadooooooooooooooooooooooooooooooooo!
Com amigos e minha famíliaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!

A louca tinha armado tudo com minha mãe no dia anterior.
Tinha fotógrafo e o caralho!
Ninguém entendeu nada, mas me davam os parabéns. Foda-se!
Então eu fui na onda.
Eu era novo.

No dia seguinte do noivado:
- “Querido, eu vou precisar viajar por quinze dias. Quando eu voltar trago minhas coisas para o casamento. Promete que vai me esperar?”

- Prometo, ué!
Levantei a aliança como quem mostra as algemas.

Dois dias depois eu a levei no aeroporto:
- “Juízo hein garoto, te amo!”

Foi embora com o avião.

E eu nunca mais tive notícias.

Já tomou alucinógenos?
  
Eu já!

terça-feira, 20 de março de 2012

Gyodai


Na primeira mordida eu já sabia que ia dar merda.

Um ser humano não pode querer se alimentar com dois reais.

Quer dizer, dá para comprar um biscoito, uma fruta.

Mas não:
- Me vê um salgado e um refresco!

O Chinês me entregou o lanche e sussurrou algo para o outro balconista.
Em mandarim, claro!
Eu sei que é a língua deles, mas mesmo assim me dá um nervoso...

O salgado para parecer fresco, precisaria de duas horas de Photoshop e o refresco, pela cor, era de uma fruta não existente no sistema solar...
Escorria tanto óleo que se eu passasse a mão no cabelo ficaria igual a Malu Mader.

Mas com fome...

-Nhac! Nhac! Nhac!

O último pedaço de massa eu joguei para um cachorro sarnento.

Ele cheirou, não comeu e ainda ameaçou dar uma reclamada:
-“Rulf”

Eu trabalhava num jornal e estava indo cobrir uma festa de rico.
Festa de rico se você não come antes está fudido!
Todo mundo sabe disso.

Eu não ia entrevistar ninguém, só ia pegar os nomes de quem o fotógrafo clicasse.
São as mesmas pessoas de sempre. Moleza!

Mas moleza mesmo era o fotógrafo que estava comigo nesse dia.
Tinham cinco fotógrafos na empresa.
Era gente boa, mas era modo: slow motion.
Até o flash dele demorava para sair...
O cara era muito lerdo.
Ás vezes eu tinha que pegar a mão dele e mexer, igual a gente faz com o mouse para sair do descanso de tela, saca?
Vamos chamá-lo de Peter Parker pois os dois tem coisas em comum:
Ambos são fotógrafos e ambos tinham teia de aranha.

A festa era chic, menino!
O traje era passeio completo ou esporte fino, nunca sei a diferença!
Eu sei que estava de terno, gravata e metido para caramba.
Estilo 007.
Tudo bem que era o único terno que eu tinha, se eu ficasse em casa e o mandasse no meu lugar ele ia.
Meu inimigo do peito disse que eu estava mais para pastor evangélico do que para espião britânico.

Tudo bem, mas então era um pastor gostosão!)

(Dá licença de eu me curtir?)

Por trás de tudo a festa era política.
Ou seja, risos, falsidades, futilidades, muita gente tirando onda e outras babando o ovo.
Normal.

- “Querido, faz uma foto minha com o governador!”

O malandro tinha acabado de lançar a candidatura mas já chamado de governador.

- Claro senhora!
- Peter! Clica os dois por favor!

Assim que Peter bateu a foto senti uma vibração estranha.
Um suador, um frio na espinha e todos os pêlos do meu corpo arrepiaram!

Mau Presságio? Mediunidade? Infarto agudo no miocárdio? Encosto?

Porra nenhuma! Caganeira mesmo!
Era o salgado chinês possuindo o meu corpo de dentro para fora.
Possessão demoníaca.
A cólica veio de uma vez só.
- Humpf!
Alguém lembra do filme: “Alien, o oitavo passageiro?”
A cena do bicho andando pela barriga do cientista?
Assim.

Cruzei a festa sem me explicar tentando segurando a marmota.
Nem peguei o nome da mulher, foda-se!
Estava com a cara branca igual mímico!
Catei o resto das forças que tinha para achar o banheiro

(Já reparou que quando a gente chega perto do banheiro a vontade aumenta?
O GPS do cú é sinistro!)

Virei a esquina por trás do buffet, avistei a plaquinha WC, corri e meti a mão na maçaneta...

TRANCADA!
(Assim mesmo em caixa alta!)

Só podia entrar uma pessoa de cada vez.
Festa de rico, na casa de rico num era para ter um banheiro enorme?
Não era para poder jogar futebol americano na porra do banheiro do rico?
Mas não.

- Humpf!
Outra contração! Essa mais forte!

Encostei as costas na parede de espelho e fui caindo.
Mentaliza o azul Angelo! O azul, o azul...

O suor gelado que descia pela testa se encontrava com as lágrimas que deslizavam dos meus olhos.

Tudo foi escurecendo...
Minha vida passando pela minha cabeça.

Que jeito mais indigno de morrer.

Todo cagado numa festa cheia de merda.

Bom, pelo menos eu já estava de terno para o caixão.
Pensei até em escrever algo para minha mãe no espelho com o dedo.
Tipo: Mãe te amo!

Mas não tive forças.

- Tá saindo...
Saio da vida para entrar para história.
- Adeus!

- “PUM!”

Era um pum!
O pum da esperança!
Um punhado de areia na minha ampulheta.

A porta abre e me sai um cara guardando um pentinho pequenininho no bolsinho do paletosinho.
O viadinho estava penteando a sobrancelha.
Enquanto um ser humano definhava no chão capacho.

Sentei no vaso como se fosse o último lugar na VAN de Jesus para o céu.

E vou te falar.
Eu sei que o assunto é chato...
Mas nesse dia eu dei a luz ao Gyodai.

Como é mesmo infecção intestinal em chinês?

Fiquei no sanitário igual um Chaplin.

Em itálico sabe?

Triste.

Quatro encarnações minha passaram por ali.
Eu fechava os olhos tentando me teletransportar para um lugar feliz.

Mas eu ainda tinha uma festa para cobrir.
E Peter Parker, o Homem-Caramujo, já devia estar boladaço.

Se tem uma coisa que agradeço as mulheres foi o advento da ducha higiênica para lavarmos nossas partes íntimas.
Obrigado mulheres!
Odeio me limpar com papel.
E odeio mais ainda quando não tem papel.

Cara! É muito clichê não ter papel, né não?
Eu sei...
Que porra de festa de rico era aquela?
Tinha Prosecco, Caviar, Couve-de-bruxelas, mas não tinha um rolo de papel higiênico?

Só havia um jeito.
Não, eu não ia me limpar com a cueca.
Mas confesso que pensei no assunto.

O plano era:
Eu teria que sair do banheiro, ir até a pia que ficava entre os dois toaletes e confiscar os papéis toalhas.
O banheiro era escondido, dava tempo.
Era arriscado, mas dava.

Eu sou Matrix!

Abri a porta devagarzinho, reparei se tinha alguém vindo, corri até o lavabo, puxei uma porrada de papel toalha e voltei de costas no estilo Tartaruga Ninja.

Ha!

De repente:
- “TRIMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM!”

Caralho mermão! Tomei um susto da porra!

- “TRIMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM!”

Que merda é essa?

(Tá de sacanagem que tinha uma câmera de segurança com interfone dentro do banheiro?)

Claro que não!

Era a porra de um celular de alguém escondido em algum lugar.
Estava em cima da descarga.

Vozes na porta do lado de fora:
- “Está aqui no banheiro!”
- “Toc, toc, toc!”

Por acaso eu mencionei que no susto deixei quase todos os papéis toalhas caírem no chão úmido?

Sobrou só um que ficou por cima.

Imagina limpar o teto da Capela Sistina com uma esponja?

- “TRIMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM!”
- Senhor, o teu celular está aqui dentro comigo, só um minuto por favor!”

(Ele estava com medo de que? De eu fugir com o celular pelo vaso?)

Naquela situação, eu precisaria de alguma técnica oriental para me limpar com apenas uma folha de papel toalha.
Fiz o que pude, vesti o terno, lavei a mão e seja o que Deus quiser!

Abri a porta quem era?
O Sr. "Sobrancelha de Playmobil”.

Entreguei o aparelho e o babaca nem agradeceu.
Ainda limpou o telefone todinho com nojo.
Se eu soubesse tinha limpado a bunda com o celular do filho da puta.
Mas enfim.

Eu podia ter aproveitado para pegar mais papel, mas já rolava uma fila de mulheres do lado de fora e eu fique com vergonha do fedor cadavérico que exalou do banheiro.

Desmanchou até as chapinhas das socialites.

Quando eu voltei para a festa, Peter Parker tinha feito fotos de todo mundo e eu não tinha pego o nome de ninguém.
O desgraçado resolveu virar The Flash naquele dia.

Nunca mais consegui comer comida oriental.

Eu sei, eu sei, mas uma coisa leva a outra...