quarta-feira, 27 de junho de 2012

Que folga hein?!



Durante a Rio+20 eu estava trabalhando o triplo e nem aproveitei o feriado forçado que todo mundo ganhou para ficar em casa.

Falando nisso, todos acharam que o encontro foi um fracasso.
Já eu sinceramente penso exatamente o oposto.
Essa reunião ocorreu exatamente para ver se o que eles combinaram na anterior ainda estava de pé.
Ou seja:
“Vamos escutar, ninguém dá um pio e fica como está”

A reunião foi um sucesso e saiu tudo como o esperado.

Tiro por mim.


Nem passa pela minha cabeça parar de comer meu saboroso eggcheeseburguer mesmo sabendo que gasta-se pelo menos quinze mil litros de água na produção de apenas um 1kg de carne.

E eu lá quero saber da natureza enquanto compro, compro, compro uma merda atrás da outra feito um imbecil, desvairado e desesperado?

Queremos mais é ser felizes escancarando nossa individualidade mesmo que para isso seja preciso possuir mais e mais coisas para no fim ficar igual a todo mundo.

Eu sou um idiota, egoísta, tosado e capitalista.

Alguém achou mesmo utopicamente que superpotências econômicas deixariam de ganhar zilhões em prol do planeta Terra?

Me dá logo o iphone 15 que eu quero mais é que o planeta se foda!

Daqui a vinte anos tem outro encontro.
Se eu fosse eles botavam logo para coincidir com o carnaval.

Mas não é nada disso que eu ia falar. Desviei do assunto completamente.
Pardon!

O fato é que tirei um dia de folga com uma semana de atraso.

Percebi que estou da cor da minha bunda.
Não existe melhor lugar no mundo para relaxar do que uma bela praia.
Mesmo no inverno.

Eu gosto da praticidade praiana carioca, mas em Niterói as praias não são rodeadas por prédios, pelo contrário, são rodeadas por montanhas e bastante verde.

Chegando à maravilhosa praia de Itacoatiara, me embriaguei com a sua paisagem, mandei um beijo para o tímido sol, fiz meu ninho na areia e peguei um livro que estava na pilha dos que eu preciso ler há anos:


"Teatro do Oprimido."

Quem me deu foi uma amiga, a Diaba dos olhos verdes.

E tal qual o filme "História sem Fim", assim que abro o livro quem é que me salta aos olhos?

Diaba dos olhos verdes.

- “Caramba amigo! Que sorte te encontrar aqui!”
- É mesmo!
- “Aqui! Vamos para Itaipu!

Uma praia de pescadores ao lado, onde o pôr-do-sol é mágico.

- Não, quero ficar aqui.
- “Poxa, mas lá tem mesa, eu preciso escrever um texto importantíssimo.”
- Não.
- “Lá tem pinguim!”
- Não.
- “Tem tartaruga!”
- Não.
- “Mas Angelo! Eu descobri um barzinho ótimo lá...”

Diaba é insuportável...

Além de viver trinta e cinco dias por mês na TPM, ela faz de tudo para ganhar qualquer discussão e para isso sempre arruma um jeitinho de introduzir Karl Max, Engels, Movimento Sem Terra, reforma agrária e o poder manipulador da mídia no meio da conversa ao mesmo tempo que arregala os olhos verdes na tentativa de hipnotizar o oponente, feito um Louva-Deus.

Quando dei por mim, estávamos discutindo outra coisa.

- “Mas o operariado, tomando consciência de sua situação, tende a se organizar e lutar contra a opressão, e ao tomar conhecimento do contexto social e histórico onde está inserido, especifica seu objetivo de luta.”
- Tá bom Diaba, vamos para outra praia.

Lá estava realmente mais tranquilo e o sol jogava um charme.

O barzinho era todo de madeira, na beira do mar e o único som era o farfalhar das bananeiras.

- “Num falei que aqui era bom para relaxar.”
- Tinha razão.

“Eu vou ficaaaaaaaar, ficar com certeza maluco beleza...”

Surge uma turma de coroas muito doida tocando Raul Seixas no violão e invade exatamente a mesa ao nosso lado.

“Eu sou a luz das estrelas, eu sou a cor do luar...”

Até que o repertório era do meu gosto.

Ao mesmo tempo o cachorro do bar cismou de fazer amizade comigo e toda hora trazia um pedaço de pau para eu jogar longe.
Quanto mais longe eu jogava mais rápido ele voltava.

De repente uma dançarina muito louca começa a se sacudir numa dança do ventre.
Ela estava somente de biquíni e sacou um lenço de chocalho e uma castanhola, sei lá, do cu.

- “Não é dançarina, quem faz dança é bailarina!”
- Desculpe Diaba.

Esqueci que Diaba também faz dança do ventre.

E essa coincidência me chamou atenção para outra coisa.

As duas se pareciam muito, só que com uns 20 anos de diferença.

E aí, reparando melhor, vimos que todo nosso grupo de amigos estava retratado ali.

Inclusive eu. Estava barrigudo e careca, mas muito animado.
E continuava casado.

O amigo que tocava violão era igual ao nosso amigo que toca violão. Só era mais gordo. Afinal de contas, passaram-se vinte anos. E vários outros!

- “Será que a gente foi para o futuro Angelo?”

Juro que nenhum entorpecente foi utilizado nesse dia.

- Parece que sim.

Muita loucura você se enxergar no futuro.

- “Eu vou lá dançar com eles”

Diaba, além de ser a minha amiga mais bonita, comunista, estressada e bailarina...Também é completamente doida!

Uma vez fez uma experiência.
Tomou sozinha um vidro inteiro de tesão de vaca até chegar a conclusão de o negócio não funcionava.

- Se eu fosse você não encostava na Diaba do futuro não, hein!
- Por que?
- Dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço, pode dar uma merda.
- “Dá nada!”

Fez amizade com ela mesmo e foi embora dançando com o grupo mambembe e divertido cheio de livros embaixo do braço.

Isso porque ela disse que o lugar era tranqüilo.

Ficamos só eu e o cachorro.

Tentei relaxar e voltar a ler...

- “Fala aí mais doido...”

Bokaya é um ser ímpar.

Meu amigo e gente do bem. Assim como a Diaba dos olhos verdes.
Eu só me cerco de pessoas do bem.
Bem doidas.

Bokaya vive em slow motion e não liga para futilidades.
Usa sempre a mesma roupa e economiza na lâmina de barbear.
É muito tranquilo, na dele, inteligente, fala bem e transborda questões.
Bom papo.

- “Cara, eu escrevi isso aqui, vê o que você acha.”

Era um pedaço de papel, todo rabiscado, com várias setas, asteriscos e anotações. Tudo escrito a lápis.

-  Porra Bokaya, já que vai escrever a mão, escreve com caneta, logo!
- “Eu prefiro escrever com lápis, porque assim eu posso reorganizar meu texto e apagar o que estiver errado.”
- E por que você nunca apaga?
- “Porque eu nunca tenho borracha.
- Faz sentido.
- “Vamos tomar uma em outro lugar?”
- Partiu!

Após dez cervejas estávamos discutindo futebol, religião, psicologia, física quântica, filosofia e sexo.

“Esse campeonato vai ser uma merda!”
 “A questão é. Deus também está evoluindo?”
 “Neurose só é neurose quando faz mal.”
“Essa mesa na verdade pode nem estar aqui!”
“Se soubesse de tudo, não ia querer saber de mais nada!”
“O que é preciso mesmo é se rediscutir a própria discussão.”

- “O sexo...”
- “Senhor, boa tarde!”

A garçonete do bar interrompeu a conversa.

- “Não posso dizer quem foi, mas mandaram o senhor escolher qualquer lagosta do cardápio que chegará aqui na sua mesa.”

Cantada de macho.

Olhamos para trás e demos de cara com uma mesa com dois gays, loiros, carecas, fortes, apertando os olhinhos.

Estilo: Raid Said Fred, em I´m Too Sexy

- Hahahaha...Puta que pariu.

Eu não sei como que as mulheres engolem essas cantadas.

Bokaya todo constrangido:
- “Olha, sabe o que é...Eu sou alérgico a frutos do mar.”
- “Ué menino, pede uma mandioca na manteiga, então!”
- NÃO!
- Moça, agradece a pessoa, mas diz que não vai rolar.

Rimos o resto do tempo.

- “Pescar Namorado com lagosta é foda.”

Passou uma hora e meia, volta a garçonete:
- “Olha, agora me mandaram oferecer um vinho.”

Ataque soviético, saca?

- Moça, eu sou casado e ele não está a fim. Agradece e ponto final, ok?
- “Ok!”

Os carecas tinham ido para dentro do restaurante. Da nossa mesa na areia nem dava mais para vê-los.

- É Bokaya, os caras estão apaixonado mesmo por você
- “Com lagosta e vinho estão quase me conquistando.”

Ficamos lá até o sol se pôr e fomos embora fugindo do frio e da noite.

De repente um carrão buzina atrás da gente.
Desce o vidro e revela-se uma mulher estilo Susan Sarandon, cheia de charme:

- “Olha, não liguem para a minha ousadia. Não sabia que vocês eram um casal.”

Ô, ô..

- “Han? Não, não...Não somos um casal...”
- Somo amigos!
- “Eu sei, desculpe mesmo assim.”

Bokaya desesperado:
- “Eu sou mesmo alérgico a frutos do mar.”
- “Frutos do mar? Eu te ofereci uma garrafa de vinho, querido!

E foi embora com o carro.

Nem entramos no mar, mas foi um banho de água fria no rapaz.

Eu ri.



quinta-feira, 21 de junho de 2012

Dênison - Um caso de amor.


Mini Conta Uma*

*Os minis Conta Uma são apenas para as pessoas que já acompanham o blog.

Lembram do porteiro gay do prédio da rua? 
O Dênison?

Quem não lembra, lembra aí:
http://contauma.blogspot.com.br/2012/02/cabelo-em-casca-de-ovo.html

Então...

Fala comigo novamente o interfone:
- "Hei! Angelo! Angelo! Calma aí rapidinho!"

Ele sabe o meu nome, claro!

- Fala Dênison!

Idem.

Vem a bicha correndo toda trabalhada no cinza-portaria, rebolando mais que a Vera Verão e jogando o cabelo igual Gabriela Cravo e Canela.

(Lá vem Conta Uma a essa hora da manhã...)

- "Tudo bem? Quanto tempo! Só vim aqui para te falar que esse é meu último mês aqui no prédio."

- É mesmo?

(E eu com isso?)

- "Me mandaram embora!"
- Caramba! Que merda hein!
- “Mentira nêgo, pedi demissão!”

Deu uma gargalhada jogando a cabeça para frente e para trás.

Ele mesmo faz a piada e ele mesmo ri.
.
Estou com um pouco de ressaca, mas bem humorado.

- “Ah! Isso aqui não é para mim, não!”
- Mas você já arrumou outro?

Fingindo que me importo.
 
- “Ainda não!”
- Ah! Mas já já você arruma outra coisa, você é um rapaz tão inteligente!

Odeio pessoas que falam coisas para te confortar mesmo sem saber de porra nenhuma. 
Sei lá se ele é inteligente.
Sei que ele é porteiro.

- "Ih menino! Você nem sabe! Vou fazer um curso no SENAC. Meu sonho é ser vitrinista. Adoro!"
- Que legal! É isso aí! Invista no seu sonho!

(Frase do orkut.)

Bati palma já com um pé na frente para encerrar o papo e ir embora

- "O ruim é que a gente não vai mais se ver!"

Outra gargalhada.

- A gente não se vê Dênison, você é que me vê!
- "É verdade!"

Outra gargalhada.

- "Aqui! Me dá o seu telefone!?"

Mandou assim, na caraça!
(Por isso que gay transa mais que hétero.)

- Dênison, Dênison...Eu sou casado querido.

- "Pedi o seu telefone, não pedi sua aliança!"

Outra gargalhada.

- Tá certo figura, é 8483-2237.

Falei rapidinho e ele nem anotou.

- Boa sorte na vida e a gente se vê! Abração!

- “Tchau estiloso!”
- Ri e fui embora.

Cinco minutos depois, chegando no trabalho toca o telefone celular:

- Alô!
- “Advinha quem está falando...Dênison!”

Jura?

- “Achei que tivesse dado o número errado!”
- Não tenho mais idade para isso.
- “Anota o meu.”
- Anotado.
- “Beijo me liga!”

(Vou ligar sim, amanhã!)

- “Ó! Sua mulher tem sorte hein!”

(Apaixonado.)

- Vou avisar para ela! Mas agora deixa eu desligar que estou todo enrolado aqui, cara.
- “Meus créditos estão acabando também, tchau!”
- Adeus!

Dênison, Dênison...Vou sentir saudade.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Minha Impressora Obsediada


Posso contar uma rápido?

No meu trabalho sou o único macho no meio de vinte fêmeas.
Já viu, né?
Todos os dias têm pelo menos uma com Tensão Pré Menstrual.
Ou com Tensão Pré Tensão.
Seria bem mais tranquilo se tivesse um “n” a menos, mas não é assim.

Confesso que eu também ficaria um pouco estressado se soubesse que durante alguns dias iria perder um copo de sangue do meu corpo.

Falando nisso...

Imagina se homem menstruasse...

Mermão...seria uma porcaria generalizada.

Para começar ia ter sempre disputa de quem sangra mais. E isso seria sinal de masculinidade.

Sempre ia ter um filho da puta limpando a mão suja de
sangue na calça, antes de pegar a batata frita na mesa do bar.

Jogaríamos absorventes na TV quando o juiz não apitasse um pênalti.

Passaríamos sangue na cara do amigo quando o time dele levasse um gol.

O trânsito ia ser um campo de batalhas.

E claro...A cólica em nós iria doer mais..

Enfim, ainda bem que nos livramos disso.

Mas as mulheres não, eu acho que é por isso que elas ficam tão bravas.

É por isso que sempre preciso recorrer ao meu treinamento Jedi para sobreviver nesse mar de progesterona, estrogênio e minas terrestres.

Mas como vocês sabem, eu sou Matrix, tiro isso de letra.

O foda, é quando a impressora também está de TPM...

Imprimir...

[Silêncio]

Imprimir...

[Silêncio]

IMPRIMIR!

- Droga!
- “CLAVASK, PROVACT! CLAVASK, CABROSFISK, CLAVASK!”

 Reza a lenda, que dentro da minha impressora, vive um anão que tritura a madeira com os próprios dentes para fabricar o papel que será impresso.

Mas eu não acredito nisso.

- “CLAVASK!”
- Ôô.

[Silêncio]

- Hum...
- “CLAVASK!”
-Vai você!
-“CLAVASK!”
- Olha só! Se a senhorita está achando que vai me fazer perder a paciência, num dia tão bonito como hoje, está muito enganada...

Eu falo com máquinas.

Usando toda minha genialidade em computadores, fiz o que qualquer um faria...
Meti o dedão no OFF para mostrar quem manda.

(Que bom seria se pudéssemos reiniciar tudo na vida assim, tão tranquilamente.)

E meti o dedão novamente: ON

- “ZUUUUUUUUUUUUUUUUU....CLAFT!”

Impressora funcionando.

Pronto! Foi bom mesmo parar de palhaçad...

- “pipippipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipi...”

- O que foi agora sua louca?

- “pipipipipipipipipipipipipipipipipiippii...”

- Que diabos você...
- “CLAVASK! CLAVASK! CLAVASK!”
- Olha o respeito hein!
- “CLACK!”
- Serei obrigado a te agredir?

Peguei a tesoura e apontei para ela.

- “Vuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu...”
- Ficou com medo, né?
- “Dji, dji, dji, dji, dji, dji, dji...”

IMPRIMINDO.

- Melhor assim.
- “Dji-dji-dji-dji-dji-dji-dji...”
- Mas  que filha da...Não foi isso que eu botei para imprimir.

Ela estava imprimindo um documento de quinze de fevereiro de 2009.
Uma porção de patinhos amarelos.
Pura provocação.

- “Dji-dji-dji-dji-dji-dji-dji...”

2ª FOLHA; 3ª FOLHA...

- Cancelar impressão!

- “Dji-dji-dji-dji-dji-dji-dji...”

4ª FOLHA

- Iniciar – painel de controle – impressora – cancelar documento!

“Dji-dji-dji-dji-dji-dji-dji...”

5ª FOLHA

- CANCELA A IMPRESSÃO DEMÔNIAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!!!!!!

“Dji-dji-dji-dji-dji-dji-dji...”

6ª FOLHA

OFF
Desliguei novamente o botão, dessa vez com um soquinho.

Admito que me desequilibrei um pouco.

Mas é que eu estava com muita pressa.
Nunca deixe o seu computador suspeitar disso.

De qualquer forma, achei melhor pedir desculpas:
- Impressora, meu amorzinho...Desculpa!
- Tudo bem?
- Vamos deixar tudo o que passou para trás?
- Eu te amo! Nós somos um só!
- Quem é a impressorazinha do papai? Quem é hein? Quem é? Quem é?

Nem vi a funcionária em pé na porta me olhando abraçar a impressora:
- “O que você está fazendo, Angelo?”
- Cof! Eu? Nada, eu só estou reiniciando o computador e ligando tudo novamente porque deu uma pane aqui.
- “Hummmmm...Melhor eu voltar depois então”
- É melhor!

- “CLAVASK! FAST! POINT! XIFT!”
 Impressora pronta para imprimir.

- Isso aí amoreco! Podemos ir então?
- “CLAFT”
- Promete?
- “CLAFT”
- Ok. Então vamos lá: Im-pri-mir.

 - “Vuuuuuuuuuuuu...Dji-dji- dji-dji- dji-dji...”
- Perfeito.
- “Dji-dji- dji-dji- dji-dji...”
- Porra…

A desgraçada disfarçadamente tinha puxado todos os papéis de uma vez só e estava imprimindo um pedaço do texto em cada folha.

- Puta merda.

- “Dji-dji- dji-dji- dji-dji...”
- A gente tinha combinado!
-“Dji-dji- dji-dji- dji-dji...”
- Sua falsa! Sua traíra! A vontade que eu tenho é de te...

Eu queria muito ter poder do Magneto, mas se tivesse iria acabar usando para o mal também.

Calma...Respira...Mentaliza o azul Angelo.
- Uffff....O azuuuul...Uffff....O azuuuul...

Vou tentar pela última vez.
Eu só preciso imprimir um simples documento importante de três folhas.

Tirei tudo da bandeja e pus apenas três folhas brancas tamanho A4.

Imprimir:
-“Vuuuuuuuuuuuu...Dji-dji-dji-dji- dji-dji...”
- Até que enfim. Doeu?

A impressora obsediada, após todo o show de pelanca que deu, resolveu imprimir tudo direitinho.

No finalzinho quando eu já estava com a mão na folha para puxar...

-“RASCK-RASK-RASK!”

A filha da puta amassou, sujou e rasgou o papel.

- I dont´t believe!

Começou a piscar para mim com um pedaço de folha preso na boca.
Parecia um gárgula.
Eu puxava e ela não soltava, tive que usar força de verdade para arrancar de lá.

- ME DÁ ISSO AQUI MALDITA!!!!!!

Apertei o olhinho verde piscando e ela começou a imprimir novamente.
Ao final da impressão ela rasgou de novo.
E a última folha também.

Eu já lutei até a morte com uma máquina.
Foi com o meu vídeo game.
Ele estava com mania de travar sempre na última fase das fitas.
Espatifei-o contra o chão e mordi o controle.
Fiquei um mês de castigo.
Me arrependo até hoje, claro.

Mas a impressora tinha passado dos limites.
Encostei a porta da secretaria para ninguém achar que eu sou maluco.
E a porrada comeu.

Se o telefone não se mete na briga ela estava fudida.

No fim do dia o técnico veio ver como ela estava.
Mas a sacripantas não apresentou nenhum defeito sequer.
Imprimia tudo que o cara mandava sem nenhum problema.
Paguei a visita à toa.

Agora está assim, ela continua trabalhando ao meu lado mas a gente não se fala mais.

NOTA: 
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Para vocês que já fazem isso sempre, muito obrigado!

 


quarta-feira, 13 de junho de 2012

Bonito hein?


Recebo várias mensagens de fãs do “Conta Uma” que são apaixonados pelo Bonito.
O engraçado é que hoje ele é um senhor gordo com três filhos e não tem a mínima idéia que suas histórias estão na boca do povo.

Então essa vai especialmente para os fãs dele:

Bonito era parecido com o Fábio Assunção, fazia sucesso com as mulheres.
Usava sempre camisa quadriculada de botão para dentro da calça com as mangas dobradas simetricamente. O seu cinto “marrom cagado” coordenava com os sapatos que de tão bem lustrados refletiam a luz ultravioleta do sol, reluzindo um prisma que enaltecia o azul dos seus olhos.
O corte “asa delta” somado às cinco horas de lavagem capilar, davam brilho e maciez ao seu cabelo castanho- esvoaçante.
Usava barba e bigode para parecer mais maduro.
Perdia quinze minutos do seu dia penteando as sobrancelhas com pente flamengo de cor preta, apesar de ser vascaíno doente.
Tinha vinte anos, parecia que tinha vinte cinco e mentia que tinha vinte e seis.
Trabalhava desde garoto e ganhava bem.

E foi assim, dando sua famosa risadinha matreira estilo anos 20, que ele chegou lá em casa sacudindo as madeixas, empesteando todo o recinto com o seu famoso xampu “tesão-de-vaca.”

- “Feliz dia dos namorados! Mr. Angelo Morse.”
- Vai à merda!
- “Desamarra essa cara que hoje a noite promete!”
- Cara, eu estou solteiro! Para mim não promete nada.
- “O senhor está de bobeira! Hoje é o melhor dia para se pegar mulher carente!”
- Mulher carente é um saco!
- “É um saco, mas dá sem pensar!”
- Odeio o dia dos namorados!

Ninguém gosta de estar sozinho nesse dia.
Mesmo sabendo que é uma data extremamente comercial criada para aumentar as vendas entre o dia das mães e o dia dos pais.

- “Nossa, que mau humor!”
- Além do mais, só sendo muito imbecil para sair com a mulher nesse dia. Os bares e restaurantes estão entupidos, os cinemas esgotados e os motéis com uma fila de espera gigantesca.

Ficar sentado em ante-sala de motel é mais constrangedor que aquela gota de Leite de Rosa que escorre do sovaco até o cotovelo.

- “Bom, já que você está assim, nem vou contar a novidade.”
- Valeu, tchau!
- “Descolei duas “namoradinhas” para gente, ô mané!”

Nada é mais apelativo do que marcar encontro no dia dos namorados.

- “Elas são gostosas!”
- Me arrumo em cinco minutos!

I Love o dia dos namorados!

Eu tenho senso crítico e plena consciência que também era doido.
Usava sobretudo preto, jeans preto e...Botas!
Fumava um cigarro caríssimo chamado Benson & Hedges Menthol e para fumar, acendia o isqueiro Zippo na bota como se vivesse em algum seriado americano, ruim.
Na verdade, eu jurava que era o Lorenzo Lamas.

http://www.youtube.com/watch?v=bFOc0KQ7ffs

Infelizmente, sem a caraça, a moto e as armas do Lorenzo...
Só me sobrava... Lamas, nas botas.

Bonito tinha um Escort XR3 que era mais perfumado que ele.

- De onde surgiu essas mulheres hein?
- “São lá daTerra de Malboro!”
- Puta que pariu...

Terra de Malboro era o apelido da cidade vizinha.
Uma cidade com costumes, pessoas e paisagens um pouco diferentes das que estávamos acostumados.

- E onde nós vamos?
- “Num barzinho lá que é o maior sucesso.”
- Porque você marcou o jogo no campo inimigo?
- “Confie em mim!”
- Tudo bem. Mas que bairro é esse hein?

Era um lugar longe, escuro e sombrio. O nome tinha alguma coisa a ver com algum animal. Não era lago dos cisnes!

- “Ali as mulheres!”

Ligar Scanner ...

- “Muito prazer, Jaqueline”...Digamos assim!

Jacq Tequila era bem mais velha, tinha uns trinta e dois anos. Era bonita, simpática e atraente. O decote imoral revelava seios firmes e mamilos pontiagudos. Era alta, tinha pernas longas, esguias e loiras.
Ela tinha usado no cabelo alguma substância que com certeza não foi aprovada pelos agentes da ONU.
Espalhados pelo corpo tinha mais penduricalhos que uma árvore natalina e fazia aquela pintinha em cima do canto da boca com lápis de olho preto que lhe dava um ar vulgar, quer dizer...Sexy!

- “E essa é minha amiga Clarinha.”

(Mas nem sobre tortura eu digo o nome verdadeiro da mulher.)

Clarizete (Não aguentei!) era mais nova que Jacq, devia ter uns vinte e dois anos. Era magrinha, tinha seios de Danoninho, bunda de pêra, cabelinho de miojo e pernas de mocotó.
Seus pêlos eram loiros, apesar dela ser morena.
Era bonita, mas devia ter feito melhor o buço e não ter deixado a irmã hiperativa de dois anos maquiá-la.
Parecia que tinha passado blush com uma vassoura piasava.

Mas não há nada que a penumbra do álcool não resolva.

O bar também era bem diferente. Cafona, mas aconchegante.
Tipo cama de motel.

Bonito veio em minha orelha com sotaque do Evandro Mesquita:
- “E aí, gostou da Clarinha?”
- Gostei, gostei...

(Na verdade eu tinha gostado mesmo era da Jacq Tequila e anos depois ela viria a ser o motivo do fim da nossa amizade.)

- “Hoje nós vamos beber Whisky, Mr. Angelo!”
- Mas a gente bebe cerveja tão bem!
- “Vai por mim, mulher adora garrafa de destilado em cima da mesa.”

Segundo ele, rolava uma atração. Tipo mariposa com lâmpada.

Minha relação com o Whisky é a mesma com o ânus feminino.
Eu nunca peço, mas se me oferecer muito eu aceito. Geralmente em dia de festa.
Ok. Too much information.

- Bhlerg! Não gostei, Bonito!
- “Doutrine o seu paladar!”

Bonito quando bebia virava o Marlon Brando

Doutrinar o paladar era maltratar o pobre do whisky com guaraná.

Jacq Tequila só falava sacanagem, e no idioma italiano.
Já Clarinha falava besteira em português alternativo mesmo.

Mesmo assim, a noite dos namorados estava ótima.
Beijos, frango à passarinho, álcool e...pagode.

Clarinha era levinha e fácil de levar na dança.
Já Bonito dançando parecia um mamulengo com Mal de Parkinson.
O problema era que Jacq Tequila...Era muito voluptuosa dançando.
Arrastava as costas na parede, derretia até o chão e mostrava muito mais do que deveria.
Sua performance chamava atenção de todos.

- Bonito, segura sua mulher aí, cara!
- “Deixa a menina, ela está comigo!”
- Então ta!

Quando garrafa vira ampulheta é a hora de ir embora. Mas...
E tome álcool...

De repente, as meninas voltavam do banheiro quando dois babacas as cercaram.
O Babaca 1 pegou na calça da Clarizete, que se desvencilhou com o cotovelo e voltou para mesa.
O Babaca 2 agarrou no braço de Jacq Tequila.

O problema desses caras babacas, é que realmente existem mulheres que gostam deles.

Bonito partiu para cima do maluco com sete peixeiras imaginárias, deu um esporro, catou Jacq pelo cangote e voltou para mesa enfezado.

A discussão dos dois era abafada pela música e a cena acontecia em quadros por conta da luz estroboscópica.
Parecia um filme do Chaplin.

E Clarizete se sacudindo toda igual a Xica da Silva, decretou:
- “Odeio confusão, vamos embora!”

Mas Bonito quando bebia virava o Sinhôsinho Malta:
- “Eu não vou sair daqui por causa desses babacas de jeito nenhum. Tô certo ou tô errado?”

Desesperado em salvar a minha noite:
- Calma aí Clarinha! Bonito, vamos embora, por favor?
- “Qual é Angelo? Está com medo dos caras? Pra quê que serve o seu Kickboxing?

Fiz Kickboxing durante um mês quanto tinha 14 anos.
(Na verdade foi Full Contact)

- Não estou com medo, mas lembre-se que estamos bêbados e num lugar desconhecido e perigoso.
- “Eu nunca fico bêbado! Garçom...!”

O pior é que o filho da puta nunca ficava bêbado mesmo.

- Tudo bem, a gente toma uma saideira e partimos para o motel, ok?
Aproveitei e joguei logo a situação para todo mundo entrar no clima.
- “Tudo bem.”

Demorou meia hora para a testosterona assentar.

Só que os babacas estavam realmente a fim de confusão. Ficavam encarando e rindo.

Eu nunca brigo.
As poucas vezes que briguei na vida perdi o controle completamente, acabei exagerando e bastante arrependido.

- Galera, vou ao banheiro para gente ir embora. Bonito, pede a conta aí!

Só que os babacas estavam no caminho do banheiro, e quando eu passei percebi que eles murmuraram algo, rindo.

(Foda-se! Estou indo para o motel otários!) Nem dei idéia.

Mas Bonito deu.

Quando voltei do banheiro, ele estava engalfinhado com o Babaca One, rolando pelo chão.

Corri para separar, mas no caminho, vi que o Babaca Two, na covardia, deu um chute nas costas do meu amigo.

Não mexe com os meus, não.

Mesmo sem olhar para o lado, estiquei a mão e peguei a primeira coisa que encontrei pela frente.
Podia ter sido uma espada samurai, um sabre de luz, uma foice, uma garrafa, uma faca ou um garfo. Mas não...
Foi uma bandeja, dessas de garçom.

Acredite em mim, é uma ótima arma.

Kickboxing porra nenhuma, dei foi muita bandejada nos malucos.

Chegou uma hora que tinha muita gente na confusão.
Nem pensei duas vezes, fui na pilha das bandejas e comecei a disparar para tudo que era lado.
Ninja Crazy!

Quando ouvimos:
- “Pega a arma!”

Corremos feito o Forrest Gump.

Ao contrário de mim que deixo tudo em cima da mesa, Bonito era organizado e andava sempre com o chaveiro preso na calça.
Nos jogamos dentro do Escort e fugimos pela contramão, sem pagar a conta.
Bonito quando bebia virava o Speed Racer.

Após alguns minutos mudos, ele deu uma freada que o carro quase capotou para frente.
- “Puta que pariu!”
- As meninas????
- “Não! Suas coisas ficaram em cima da mesa!”
- Deixa para lá, Bonito, vambora daqui!
- “E deixar aquele Zippo caríssimo que eu te dei? Nada disso! Vamos voltar!”

Como é adorável a ousadia da juventude, não é mesmo?

Passando devagarzinho perto do bar, quem a gente vê no ponto de ônibus em pé, parada?
Jacq Tequlila com todas as minhas coisas na mão.

- “Vocês são uns filhos da puta! Deixaram a gente para trás!”

Bonito não perdeu tempo:
- “Mas eu voltei justamente por você, amor!”

E assim os dois se apaixonaram, namoraram, casaram e se separam só muitos anos depois.

Clarizete?

Ficou puta que tomou uma bandejada na têmpora e nunca mais falou comigo.

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