2013.
E do nada, um meteoro atingiu a Terra: BUM!
Aí me surge a porra de um asteroide de 45 metros, 130 mil toneladas passando do nosso ladinho. Ufa..
Os cientistas disseram que não tinha perigo porque não estava em rota de colisão com a Terra.
Mas mermão, quem joga sinuca sabe o poder que uma tabela pode ter.
E além do mais, e se fosse bater? Ainda não vi ninguém de collant azul e capa vermelha, dando pinta voando por aí.
Uma hora vai dar merda.
Enfim, parece que sempre o mundo vai estar prestes a acabar.
E do nada, um meteoro atingiu a Terra: BUM!
Aí me surge a porra de um asteroide de 45 metros, 130 mil toneladas passando do nosso ladinho. Ufa..
Os cientistas disseram que não tinha perigo porque não estava em rota de colisão com a Terra.
Mas mermão, quem joga sinuca sabe o poder que uma tabela pode ter.
E além do mais, e se fosse bater? Ainda não vi ninguém de collant azul e capa vermelha, dando pinta voando por aí.
Uma hora vai dar merda.
Enfim, parece que sempre o mundo vai estar prestes a acabar.
Mas
na virada de 1999 para 2000 isso quase se tornou uma certeza, lembra?
Não
bastasse Nostradamus lançar a o veneno: “De
mil passarás, mas dois mil não chegarás!”*
tínhamos também o mito do “Bug do milênio*” que daria uma pane
generalizada em todo sistema do planeta. Colapso, fim dos tempos.
E
esse Conta Uma data exatamente desse dia...
Pau
Barbado era um ser humano delicado e suave.
Tão
suave quanto comer um tacacá* no verão de Bangu.
- “Se o mundo vai acabar mesmo, quero morrer
jogando leite em alguém!”
-
Nossa! Que poético! Por que você não bate lá na porta da Simone Bução, então?
Simone
Bução
Uma
vizinha muito maluca e estranha, de cabelo Cocker Spaniel, rosto chupado e
olhos desconexos que nunca chegavam num acordo direcional.
Já
o corpo era perfeito. Perfeitamente reto, sem nenhum vestígio de curva. Onde
deveria existir uma bunda dava para pendurar um espelho.
Os
seios, tínhamos que ficar procurando feito o Geninho* do desenho da She-Ra.
As
coxas branquelas e finas eram da mesma espessura da batata da perna e os joelhos
eram do tamanho exato da sua cabeça.
Tinha
dedos longos e muitos pelos no braço.
Mas
o que mais me chamava atenção mesmo era um bigodinho que ela ostentava. Parecia
que tinha engolido uma andorinha e deixado o rabo para fora da boca, como diria
Didi Mocó.
Eu
acho que ela raspava aquela merda com gilete. Quando raspava!
Não
fosse o suficiente, seu papai era Brabão da Polícia Federal.
Simone
Bução dava em cima de todo mundo que tivesse testículos, mas só um contemplado teve
a ousadia de se deitar com ela.
-
“Vai ficar jogando isso na minha cara para o resto da vida, porra!?”
O
fato é que depois que Pau Barbado caiu na cama da Simone Bução, se fudeu. A mulher ficou totalmente obcecada por ele. No
melhor estilo Glen Close em Atração Fatal*.
Tadinha,
ela era gente boa, mas extremamente louca e muito carente. Para você ter uma ideia, na primeira vez que
eles transaram, ela lhe serviu um café da manhã na cama com um anel de compromisso
entre o pão e a manteiga, se dizendo completamente apaixonada.
Foram
necessários sete babalorixás e um mandato de segurança para ele se livrar dela,
quase ileso.
-
“Já acabou? Enquanto você fica de blá blá blá, as bolas de fogo estão chegando
do céu. Vambora sair logo para rua!”
-
Pau Barbado, não tem a mínima chance de eu sair de casa hoje.
-
“Para com isso! Vamos lá, porra!”
- E você quer ir para onde?
-
“Advinha?! Começa com P e termina com uteiro!”
Pau
Barbado era a pessoa mais tarada que eu já conheci na vida.
Tinha
tesão na Dercy, na Vovó Mafalda, em mulher amamentando, na princesa do Mário
Bros, na Olívia Palito e naquela loirinha, de aparelho, dos Goonies*...resumindo:
Era
um doente.
E
ficou durante quarenta minutos tentando me tirar de casa feito Lúcifer sussurrando
no ouvido de Jesus, passando aquela língua bifurcada de serpente no lóbulo da
minha orelha.
Mas
eu sou teimoso.
-
Na boa, desiste, brother! O mundo pode até não acabar hoje, mas só essa energia
que se formou nesse dia, faz a gente refletir e querer ficar perto da família,
das pessoas que ama... e além do mais...
-
“Eu pago a noitada.”
-
...Me arrumo em dez minutos.
Também
sou volúvel.
Prontos
para sair, entramos num acordo:
-
Cara... sem sacanagem... passar o fim do mundo no puteiro é deprimente.
-
“Não acho! Você num queria ficar com a família? Vamos ficar com as “primas”*, mané!”
-
Não, não. Vamos num outro lugar que eu sei que está rolando uma parada maneira.
Uma
festa temática originalmente chamada: “Fim do Mundo” numa boate na qual eu
tinha o status de: Very Important Penetra.
Não
tinha grana, mas sempre fui descolado, bem relacionado, charmoso e cara de pau.
Entramos
facilmente pela porta da frente, e ainda tomamos tapinhas nas costas dos donos.
O
lugar estava abarrotado de mulheres. Parecia liquidação de sapatos.
-
“E você querendo ficar em casa, né?!”
Tática:
Por
mais nervoso e tímido que você seja, sempre aborde a mulher mais bonita da
festa. Isso mostra confiança e chama atenção das outras.
Sempre
dava certo.
Cheguei
escorregando de Zé Bonitinho na mais esvoaçante:
-
Qual é a chance de alguém linda como você querer conversar com um cara como eu?
A
mulher sorriu revelando os cisos:
-
“Ah... que isso... muito obrigada!”
-
Posso te pagar um drink?
-
“Não.”
E
desviou de mim feito o Neo das balas da Matrix*.
Ok.
Nem sempre essa tática dá certo.
Cinco
drinks apocalípticos depois e o filho da puta do Pau Barbado já estava sugando
a alma de uma mulher pela traquéia.
E
eu, o mais perto que cheguei de alguma mulher, foi da Tia do cigarro, do lado
de fora da boate.
Não
era o meu dia.
Uma
hora depois, Pau Barbado passou por mim de mãos dadas, piscando o olho, me
dando tchauzinho e amaldiçoou:
-
“Vai passar o fim do mundo sozinhooo...”
Fiz
sinal feio com o dedo para ele.
Olhei
para o relógio: 23:59
Olhei
para o céu pela janela. Nada!
Bom,
se o mundo vai acabar, eu vou me acabar antes dele.
Pedi
mais um whisky duplo. E outro... e outro...
Sempre
desconfio que estou bêbado quando me pego conversando com o copo.
E
tenho certeza quando o mesmo começa a me responder:
-
“Tem dinheiro para pagar essa conta lotada de whisky, Bruce Wayne?”
Puta-que-o-pariu!
O
copo sempre tem razão!
Esqueci
de pegar uma grana extra com Pau Barbado.
Fui
embora da boate, tropeçando, deixando com a moça da comanda todo o meu
dinheiro, meu isqueiro Zippo, minha dignidade, duas promissórias e um monte de
desculpa.
Do
lado de fora, um fenômeno chamava a atenção dos bêbados mais supersticiosos:
-
Que porra de nevoeiro sinistro é esse?
Não
dava para ver nada e o pouco que se via parecia sonho.
-
Está de sacanagem que o mundo vai acabar de verdade?
Me
lancei valente e trôpego entre as brumas, com um certo ar timburtiano no rosto,
em direção ao ponto de ônibus.
Ninguém
do meu lado e nada no bolso.
Quando
o busão apareceu me joguei dentro dele, como quem parte em um navio fantasma.
-
Me dá uma carona?
Desci
no centro da cidade, em meio às putas e travestis.
Como
não estava em condições de diferenciar um ser do outro, achei melhor trocar um perigoso
boquete por um perigoso X-tudo.
Com
a fome de doze Átilas, aterrissei na carrocinha de insalubridade comprovada e
me atraquei ao sanduba feito pivete em carteira de gringo.
Só
quem já provou um X-Tudo em fim de noite, com catchup violeta, mostarda laranja
e maionese vietnamita, sabe o que estou falando.
A
gente chega a lamber o saco em busca da última batata palha e fica muito feliz
quando acha um ovo de codorna.
No
mesmo momento desesperador que lembrei não ter dinheiro, achei uma nota
amassada para pagar.
Usando
meus soluços como muletas, parti ziguezagueando em direção à minha casa.
O
trajeto meu corpo já sabia decor.
Tanto
que poderia até andar dormindo que chegaria no meu destino.
Andar
dormindo.... andar dormindo... andar dor...zzzzzzz
Acordei
com a gritaria de um mendigo, raivoso como o próprio Barba Negra, me ameaçando
com uma foice imaginária.
Pelo
seus resmungos, percebi que tinha tropeçado nele e me encolhido entre suas
cobertas cinzas e sujas.
Feito
um coala contrabandeado.
Pulei
de susto, pedi desculpas e vi que estava exatamente na esquina do meu prédio.
Um
cachorro que mijava na pilastra, riu.
O
porteiro me deu bom dia com simpatia, mas reparei pela quina dos olhos que ele
se benzeu.
Olhei
para ele em tom aterrorizante e voz abatedoura:
-
O mundo vai acabar hoje Ernesto! Vai acabar!
E
entrei gargalhando no elevador tendo que fechar um olho para enxergar os botões
do painel.
Onze
andares. E sabe-se lá o porquê cargas d´águas, apertei o único botão que não
deveria.
A
pessoa abriu a porta descabelada e assustada:
-
“O que houve Angelo?”
-
O mundo vai acabar e eu quero você!
-
“Seu doido, entra aí!”
A
porta fechou em minhas costas rangendo para mim em tom de desaprovação.
Desabei
nos lençóis entregando-me ao meu carrasco de bigode e tetas murchas.
Fim.
Acordei
com o tilintar das xícaras do café da manhã ecoando na minha cabeça feito dois
rinocerontes de vidro dançando lambada.
Não
tive coragem de abrir os olhos.
De
repente, umas garras pontiagudas fizeram carinho em minhas costas descendo ao
meu cóccix, arrepiando até o último pêlo da prega rainha.
Nessa
hora, fiz o que qualquer cristão faria. Rezei:
-
Que seja o Capeta! Que seja o Capeta! Tem que ser o Capeta!
-
“Bom dia flor do dia.”
Hummmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm....
-
Ai não.
Simone
Bução com um sorrisinho maroto de Tony Blair passava sapecamente a língua pelos
dentes.
-
“Melhorou?”
-
Não sei exatamente... o mundo acabou?
-
“Não mesmo.”
-
Então estou muito mal.
Perto
do ovo mexido, dois anéis de metal.
NOTA: Onde tiver asterisco, leia-se: Procure no Google.
O Conta Uma não é o Guanabara,
mas também faz aniversário, tá?!
Dia 28/02/2013 faremos um ano de sucesso!
Rápido, né?
Gostaria de agradecer ao fãs e aos amigos
pelo apoio, cobrança, correções e elogios.
Esse ano ainda tem muita coisa boa surgindo.
Continuem postando muito em suas
páginas das redes sociais
páginas das redes sociais
e espalhando o C.U no boca a boca.
Quer dizer...bom, vocês entenderam.
Porque a vida é muito mais inverossímil que a ficção
Ou não?
Porque a vida é muito mais inverossímil que a ficção
Ou não?
Beijoca!