sábado, 25 de maio de 2013

Chupa Cabra


Estava deslizando na cama com aquele cansaço de puta na quarta feira de cinzas quando toca meu Star TAC.
Lembra do Star TAC?

Só o trepidar do aparelho em cima da mesa de vidro já me deu uma sensação espiritual ruim.
Quase não atendi, mas não sou capaz de tal atitude.

Abri o telefone sem olhar...

- Alô...
- “Preciso de você agora!”

Aquele sussurro me fez congelar.

- Impossível!
- “Sério, preciso de você agora, por favor!”
- Estou dormindo.
- “Por favor!”

Era Chupa Cabra.
O filho da puta mais persistente de todo Sistema Solar.

- Cara, foi mal, mas não vou sair.
- “É caso de vida ou morte, sério!”
- Não.
- "Código Thundercat! Código Thundercat!"

O Código Thundercat só pode se usado em casos ultra extremos.

- Droga... que houve?
- “Problemas de alta periculosidade, maluco! Estou com a Paquita Erótica e você não imagina quem está escondida me olhando, só esperando a hora de me jantar na porrada.
- Sua mulher?
- “Não... mi sogra, muchacho!”
- Puta que pariu.

Vamos por parte:
Chupa Cabra era mais escorregadio que final de sabonete e mais calhorda que o Piu Piu do Frajola. Era casado, mas traía a mulher até com chiwawa viralata e a Poliça vivia na cola dele feito a CIA.

Paquita Erótica foi o último amor da vida dele. A mulher era tão maravilhosa que tinha cheiro de frango assado de padaria.
E Chupa Cabra, naquelas paixões arrebatadoras, já tinha dito que ia terminar com a Poliça para ficar só com ela.

A Sogra era o próprio capeta cravejado de espinhos flamejantes.
A coroa era BBB: Braba, barraqueira e boa de porrada.
Na favela onde morava, foi acusada de ter arrancado metade do cérebro do ex-marido com os dentes.
Diaba da Tazmania.

E Chupa Cabra, impertinente como herpes, comeu ela.
Sim. Ele comeu a sogra também.

- Malandro, não quero nem saber dessa porra. Não me meto com a sua sogra nem fudendo.
- “Cara, por favor, ela está na espreita e vai atacar a qualquer momento. Estou com medo de levantar da mesa e ela dar o bote e fazer um escândalo.”
- E o que você quer que eu faça, porra?
- “Vem aqui infeliz, me ajuda! Você me deve essa!”

Uma vez Chupa Cabra atravessou a Baía de Guanabara só para me resgatar de um quarto que eu estava sendo feito refém.
Mas isso é outra história.
Após esse episódio, ele sempre jogava isso na minha cara e vivia me arrastando para o inferno, feito aquelas sombras malditas que levavam embora os vilões do filme Ghost.  

- Tá bom! Estou indo para aí. Onde vocês estão?
- “No Mc Donald´s.”

O piru de Chupa Cabra devia ser da Kopenhagen.

O filho da puta pegava as mulheres mais maravilhosas do planeta e só levava para programas pobres, fudidos e sem graça.
Comemorou aniversário de casamento num rodízio de pizza, para vocês terem ideia de como ele era cretino.

- Estou chegando. Câmbio e desligo.

De longe eu já vi a Sogra Diaba andando para lá e para cá, feito um psicopata, falando no telefone.

Liguei para o infeliz:
- Chupa Cabra. O fato de eu chegar na mesa vai mudar o que? Vai ser só mais um para apanhar.
- “Não, você vai chegar como se a mulher fosse sua e eu sou apenas o amigo do casal.”

O plano era uma merda.
Era mais fácil os garotos do desenho Caverna do Dragão irem para casa de táxi do que a Sogra engolir aquela encenação.

Mas numa coisa eu sou bom. Eu sei chegar num lugar.

Mais sorrateiro que um leprechaun, passei despercebido ao lado da sogra e me aproximei da mesa dos pombinhos, gingando, sorridente e falando entre os dentes.

Chupa Cabra encheu os olhos d`água quando me viu.
Paquita Erótica estava com uma cara amarrada e batendo perninha.
Nem olhei para a fera lá atrás, porque seria igual encarar uma medusa.

- Olá!
- “Obrigado filho! Agora convence essa birrenta que brigar com minha sogra é suicídio.”
- Brigar com a sogra dele é suicídio.
- “E você acha que a solução sou eu e o Angelo fingirmos que estamos juntos?
- “É de mentirinha.”
- “E todo mundo que viu a gente chegando junto de mãos dadas? Vão achar que eu sou o que? Uma puta?”
- Ou que a gente faz suruba.

Nenhum dos dois gostou da piada. Paquita Erótica era mulher direita e Chupa Cabra muuuuuuuuuuito ciumento.

- “Eu juro que vou resolver isso, mas não hoje, meu bem.”

Cheguei mais perto dela, tão sem graça quanto um namorado da década de 40 e segurei a mão dela como se fosse minha filha.

Foi só eu fazer isso para a Diaba da Tazmania aparecer.
PUTF!
Mermão... juro que saiu até fumaça.

- “Tudo bem gente?”

Falou com escárnio e olhos vermelhos.

Engoli o coração de volta e fiz o que estava no script com a cara de pau que papai Gepeto me deu.

- Oi Dona Fulana, tudo bem?

Abri um sorriso igual do Tony Blair e apertei a mão da Paquita .

Chupa Cabra era o melhor:

- “Oi sogra, passeando?”
- “O que você está fazendo aqui?”
- Vim fazer um lanche com eles.

A Diaba apertou os olhos.

- “Muito prazer, menina”
- “Oi”

Clima estava mais tenso que pentelho de Picaxu..

- “Cadê minha filha?”
- “Acho que está em casa, vou comer aqui e vou embora.”
- “É? Engraçado. Na verdade ela me disse que estava por aqui também. “

Abortar missão – abortar missão

Chupa Cabra mudou de cor igual aquele antigo galo português do tempo.
- “Aqui? Ela não me disse nada.”
- “Olha ela ali!”

- Nossa! Se tivéssemos marcado não daria tão certo.
- “Né?” Respondeu a Diaba quase babando no queixo.

Mermão... A Poliça chegou se tremendo igual Xica da Silva.

- “ O que você está fazendo aqui Chupa Cabra? Você não estava trabalhando?”
- “Já trabalhei coração, saí mais cedo e vim encontrar com Angelo e a namorada.”

Falou tudo junto sem pestanejar.

- “Ahhhhhhh! Vocês são namorados?”

Falou com desdém.

- Sim, somos. Paquita, essa é a mulher do Chupa Cabra,
Sicrana, Sicrana - Paquita.

- “Muito Prazer.”

Estávamos sentados e as duas inimigas em pé nos cercando feito hienas da Etiópia.
Éramos presas fáceis e eu já estava vendo a Diaba mordendo a cabeça da Paquita igual o Blanka de Street Fighter.

Ousei:
- Senta aí todo mundo. Nem pedimos nada para comer ainda.

Poliça me fuzilou com os olhos e já foi no ataque xeque-mate para cima do marido:

- “Você acha que eu sou idiota?”
- “Que isso, amor?”
- O que houve gente?
- “Você jura por Deus que ela é a namorada dele?”
- “Claro que é namorada dele, você está louca?”
- Patroa, deixa de neurose. Ela está comigo!
- “É mesmo, Angelo?”

Nessa altura do campeonato, as mesas do lado já sentiram que ia rolar um homicídio.

- Sim, claro.
- “Então dá um beijo nela que eu quero ver.”

Eu ri todo sem graça e suando.

- Ué... dou, claro.
- “Dá.”
- Ué...

Mermão... a Paquita Erótica me laçou no pescoço e me deu um beijo... mas um beijo daqueles endoscópicos.
E eu fechei os olhos e fui para cima.
Quem olhava jurava que concorríamos algum prêmio.

Quando a gente parou fez até estalo.
PLOC!

Chupa Cabra, transtornado se levantou e começou a berrar:

- “Está satisfeita sua maluca? É por causa dessas suas loucuras que eu não suporto mais nosso casamento!”

Deu um tapa na mesa, se levantou e foi embora bicando um copo de coca-cola do chão e ainda deu um soco na cara do boneco do Ronald Mc Donald que não tinha nada a ver com o assunto, mas mereceu a porrada só pelo sorriso de pedófilo.

As duas foram atrás dele esbravejando e xingando pela rua.

Barraco total. Vergonha extrema.

E ficamos lá.
Eu, todo borrado de batom e ainda buscando o ar e a Paquita Erótica de saia curta e top intumescido em pleno Mc Donald´s

Fiz o que qualquer ser humano faria naquela situação:

Comi.


Um Big Mac.

Bom, vocês sabem, né... Divulguem o blog 
para os amigos e inimigos
Em breve... Lançamento das camisas do C.U
Obrigado e volte sempre!

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Dedo na tela é luz




Ninguém começa uma boa história tomando um copo de leite.
Nem eu.
Mas eu estava tomando um copo de leite puro e sem açúcar.
Estava com pouco de azia e aproveitei que o bar estava vazio.
Quer dizer, mais ou menos vazio porque ela estava lá, sozinha.
Apenas sete cadeiras nos separavam no balcão do bar.
De um lado eu, moreno alto, bonito e sensual.
E do outro: Tania Kalil, atriz e mulher do músico Jairzinho.
Sem querer desmerecê-lo, mas nesse trânsito infernal que a gente vive, o cara que tem um balão mágico pega qualquer mulher.
(Eu sei, desculpe a piada ruim. Estou só esquentando.)

Ela é impecável e tem uma postura “excaliburiana.”

Lambi o bigode lácteo e limpei a garganta, um pouco alto demais.
Ela foi virando a cabeça de forma gradativa, em stop motion, como se quisesse me encontrar apenas pelo canto dos olhos. Discreta.
Até que me descobriu e sorriu "gatoaliceamente."
Retribui o sorriso, mas não desviei o olhar dela. Nem pisquei.
Ela também não.
Sabe aqueles três segundos de encarada que a gente dá?
Chega uma hora que um dos dois acaba desviando, não é?
Dessa vez ninguém desviou.
Ficamos olhando um para o outro por uns quatro minutos contados pelas batidas do meu coração em minha traqueia e ritmados pela sola do meu sapato no taco solto.
Ela pôs o canudo na boca para tomar o seu drink sem desviar os olhos de mim, não de um jeito vulgar, mas um tanto provocante.
Olhei para a minha mão esquerda e percebi que alguma coisa estava faltando nela, mas não sabia o que era.
De repente ela se levantou e veio andando em minha direção.
Por fora eu era sereno como mármore, por dentro um boneco do posto.
Olhos nos olhos quero ver o que você faz.
Ela passou por mim e o seu perfume me arrastou pelo pescoço.
Ela saiu e bateu a porta.
Virei o resto do copo de leite e fui atrás dela.
Que mulher bonita anda mais rápido que as pessoas normais é comprovadamente científico.
Mas ela começou a correr muito.
Na verdade, todos na rua começaram a correr.
Quando olho para trás, vejo o Coelho da Quick de trinta metros de altura que sempre aparece nos meus sonhos para transformá-los em pesadelos.
Puta que pariu! É um sonho!
Perdi a mulher de vista, agora apenas fujo para tentar salvar minha vida.
Detesto perseguições em pesadelos.
Como pode as pernas ficarem tão pesadas e lentas logo agora que o perigo é iminente e aterrorizante?
Eu me arrasto e tento fugir, mas o Coelho Gigante da Quick é mais ágil e voraz... ele está quase me alcançando... e eu estou caindo...
Acordei.

Sinto todo o meu corpo tremer como se minha alma tivesse voltada atrasada para o corpo naquele minuto.

Concluo a ofegante respiração enquanto me acalmo.

Tudo bem agora, meu quarto é meu porto seguro.
Meu lençol é minha âncora.
Estou encharcado, mas salvo.
Acho a aliança ao meu lado e ponho novamente no meu dedo.

- Ufa... Eu hein...

Pego smartphone e a sua luz branca azulada, obsessora e viciante estupra toda escuridão do ambiente arregaçando minhas pupilas e quase me puxando para uma outra dimensão.

Touch screen.
Hora - 1: 31

É madrugada e tudo está como deveria estar.

Fecho os olhos.
Não é a primeira vez que minhas pernas falham em pesadelos.
Dizem que é insegurança. Não me acho inseguro.

O eco da buzina solitária na rua de baixo chama minha atenção.

Dedo na tela; luz.
2: 33

Fecho os olhos.
Tenho tempo de sobra para dormir ainda, pois só acordo as seis.
Ninguém deveria acordar  cedo, mas pelo menos eu trabalho do lado de casa e isso não tem preço.
Minha empregada, por exemplo, mora na oitava lua de Urano.
Longe para caralho!

Percebo o meu pênis ereto.
Não, não é por causa da minha empregada.
Ela é tão sexy para mim quanto o Tony Ramos untado de manteiga de bunda para cima numa piscina de bolas cantando Lek Lek.
É só tesão de mijo mesmo.

Dedo na tela; luz.
2: 40

É fácil achar o banheiro pelo pinga-pinga insuportável da torneira.
Prometi que ia consertar e esqueci. Eu esqueço coisas.
Acho que terapia resolveria isso. Mais certo seria um neurologista.
Ou queijo.
Dizem que queijo é bom para memória. Será?

O vulto que se esconde no espelho revela um cabelo deformado, olhos vermelhos, rosto inchado e um jeito meigo cretino.
Desviei os olhos.

Mijar no vaso com o pênis ereto é uma tarefa muito complicada.
É como fazer um avestruz com torcicolo beber água num pires.

O xixi saiu de mim feito orgasmo de solteirona. 
Respingou no tapete, mas ninguém vai saber.

Será que tem queijo na geladeira?

Preciso emagrecer, estou fora do peso.
O colchão saculeja quando o meu corpo é atirado displicentemente sobre ele.

Dedo na tela; luz.
2: 41

Esfriou.
Não dá para desligar o interruptor do ventilador com o dedo do pé.
Meu sonho era controlar tudo com o poder da mente.

Uma vez vi no Discovery Channel, um indiano que levantava e abaixava o pênis apenas com o pensamento, acredita?
Num transe hipnótico, diafragma, shakra essas coisas.
O pênis dele ficava ereto... e amolecia, ficava ereto... e amolecia.
Eu perderia metade da vida só brincando disso no chuveiro.
Sou fã desse indiano.

Desliguei o ventilador com a mão mesmo.

Dedo na tela; luz.
2: 45

Falando em Woody Allen? Esqueci de entregar os filmes da locadora.
Peguei duas comédias românticas, um filme cabeça e um de ação.
Só vimos as porras das comédias românticas.
Casamento também é isso. Sempre uma prova de amor.
É assistir a novela das oito e não entender nada.

Olho para o lado.
Minha mulher dorme feito um filhote de panda que fez ninho com os cachos das fadas que iluminam o arco-íris dos Ursinhos Carinhosos.
Seu ronronar é como um farfalhar de um bonzai.
Que inveja.

Dedo na tela; luz.
3: 00

Eu amo minha mulher, mas se eu não tivesse casado, certamente hoje estaria solteiro, comendo várias modelos, pulando de asa delta em vulcões adormecidos e surfando no Lago Ness.
Só de pensar me dá uma preguiça...

A solidão sempre nos vigia pelas frestas sombrias das pilastras da vida. Clarice Lispector.
Mentira. Acabei de inventar. Canastrão.

Dou a mão à minha mulher, meio que tentando acordá-la de propósito para ser minha cúmplice notívaga.
Eu gosto da companhia dela.

Mas a filha da puta dorme mais pesado que um javali abatido por aborígenes. Nem respira.
Que inveja.

Dedo na tela; luz.
3: 09

Droga!

Eu tenho medo de morrer.
Sabia que você vai morrer? Sua mãe vai morrer! Seu cachorro vai morrer! Todo mundo vai morrer!
Eu não consigo nem ir embora de festa, imagina ir embora da vida?
Só morro tranquilo se todo mundo for morrer junto.

Dedo na tela; luz.
4: 09

Bom, agora eu acho que o diagnóstico é oficial:
- Insônia!

Nessas horas faço o que qualquer pessoa sensata faria:
Entrei na internet.

O facebook consumiu qualquer migalha de sono que poderia surgir.
As pessoas tendem a serem mais loucas de madrugada.
E smartphone é siririca digital.
Após mil curtidas masturbatórias achei melhor pôr o telefone virado para baixo na mesinha de cabeceira.

Fecho os olhos.
Um médico amigo meu disse que sexo é a cura para insônia.

Posso tentar. Ela pode acordar malemolente e sexy como uma sereia no cio ou pode acordar muito puta feito o Tiamat com sete cabeças.
Hum...
A pessoa dorme com tanta competência que acordar é muita sacanagem.
Que inveja.

Dedo na tela; luz.
4: 10

Vou comer um doce.
Quem tem filho, tem doce.
  
Depois do lanchinho só uma chupeta do demônio.
Um maço de Carlton perdido na varanda assobiou para mim.
Acendeu... baforou... fudeu! Fumar é tão século passado.
Já olhou dentro da brasa de um cigarro?
Se você olhar bem lá dentro mesmo, verá que parece um bordel, com luzes vermelhas, pessoas nuas e bêbados caídos pelo balcão.
Todo o pecado do mundo cabe na brasa de um cigarro.
É por isso que ele é bom. E por isso que ele mata.

O que não mata hoje em dia também, né?

Volto para cama.
Dedo na tela; luz.
4: 30

Duas colheres de Nutella mais o sorvete napolitano e três fatias de mortadela não caíram bem.
A mortadela estava igual a Dona Zica. Verde e rosa.

Ao lado do meu sanitário tem três livros ótimos que leio quando faço cocô. Li quatro capítulos seguidos e nem caguei.

Volto para cama.
Com quatro frases do livro eu ajeitaria a vida de umas vinte pessoas que eu conheço.
Com insônia eu resolvo qualquer problema do mundo.
Difícil é saber que direção tomar na própria vida.

Dedo na tela; luz.
4: 35

Facebook!
Vinte e duas pessoas curtiram meu status que dizia: “Insônia.”
Ninguém trabalha nem dorme nessa porra de internet mesmo!

Dedo na tela; luz.
4: 34

Como assim?

A madrugada vai se despedindo de mim feito uma cinderela arrependida.
E para piorar, chove muito.

Chuva na sexta-feira é culpa de pobre.

O quarto ficou mais frio e escuro.
Uma luz invadiu o teto e fez rasgou um desenho na parede.
Parecia um... astronauta?
Eu poderia ter sido astronauta. Amo a lua.

Soltei um peido barulhento como se tivesse sentado numa gaita de fole.
Minha mulher estremeceu e abriu os olhos.
Fingi que estava dormindo, virei de lado e me encolhi.
Não fui eu.
  
zzzzZZZZZZZZZZZZZZZ...

É um daqueles malditos mosquitos que ficam de megafone no nosso ouvido. Zombando. Rindo de nós. Mosquitos hipócritas, individualista, egoístas, estúpidos, preconceituosos da porra!
Eu não passaria novamente tão perto se fosse ele.
Sou Thundercat, treinado nas sete chagas orientais das artes de Conan Kan, discípulo de Guevara Kenobi, cavaleiro do zodíaco e...

...Matei o filho da puta numa porrada só e o seu sangue agora faz parte da parede branca do meu quarto.

Dedo na tela; luz.
5: 00

Puta que pariu.
Agora é tudo ou nada.
É pegar essa horinha, tirar o sono da beleza e partir para luta.
Pisquei  e uma hora virou um minuto.

6: 00
O toque do meu despertador é um galinha com cólica.
- Preciso de só mais dois minutinhos e já levanto.

Acordei assustado.
Dedo na tela; luz
7:00

Puta que pariu!

Lanço-me no chuveiro e saio molhado pingando no sapato e na meia, cueca na boca, calça e a camisa embaixo do braço, pulo num pé só enquanto escovo os dentes e passo desodorante e perfume.  Mergulho no casaco tentando achar as chaves e a carteira.

Mão na maçaneta.

Melhor tomar um copo de leite.