Estava
deslizando na cama com aquele cansaço de puta na quarta feira de cinzas quando
toca meu Star TAC.
Lembra
do Star TAC?
Só
o trepidar do aparelho em cima da mesa de vidro já me deu uma sensação espiritual
ruim.
Quase
não atendi, mas não sou capaz de tal atitude.
Abri
o telefone sem olhar...
-
Alô...
-
“Preciso de você agora!”
Aquele
sussurro me fez congelar.
-
Impossível!
-
“Sério, preciso de você agora, por favor!”
-
Estou dormindo.
-
“Por favor!”
Era Chupa Cabra.
O
filho da puta mais persistente de todo Sistema Solar.
-
Cara, foi mal, mas não vou sair.
-
“É caso de vida ou morte, sério!”
-
Não.
- "Código Thundercat! Código Thundercat!"
O
Código Thundercat só pode se usado em casos ultra extremos.
-
Droga... que houve?
-
“Problemas de alta periculosidade, maluco! Estou com a Paquita Erótica e você
não imagina quem está escondida me olhando, só esperando a hora de me jantar na
porrada.
-
Sua mulher?
-
“Não... mi sogra, muchacho!”
-
Puta que pariu.
Vamos
por parte:
Chupa
Cabra era mais escorregadio que final de sabonete e mais calhorda que o Piu Piu
do Frajola. Era casado, mas traía a mulher até com chiwawa viralata e a Poliça vivia
na cola dele feito a CIA.
Paquita
Erótica foi o último amor da vida dele. A mulher era tão maravilhosa que tinha
cheiro de frango assado de padaria.
E
Chupa Cabra, naquelas paixões arrebatadoras, já tinha dito que ia terminar com
a Poliça para ficar só com ela.
A
Sogra era o próprio capeta cravejado de espinhos flamejantes.
A
coroa era BBB: Braba, barraqueira e boa de porrada.
Na
favela onde morava, foi acusada de ter arrancado metade do cérebro do ex-marido
com os dentes.
Diaba da Tazmania.
E
Chupa Cabra, impertinente como herpes, comeu ela.
Sim.
Ele comeu a sogra também.
-
Malandro, não quero nem saber dessa porra. Não me meto com a sua sogra nem
fudendo.
-
“Cara, por favor, ela está na espreita e vai atacar a qualquer momento. Estou
com medo de levantar da mesa e ela dar o bote e fazer um escândalo.”
-
E o que você quer que eu faça, porra?
-
“Vem aqui infeliz, me ajuda! Você me deve essa!”
Uma
vez Chupa Cabra atravessou a Baía de Guanabara só para me resgatar de um quarto
que eu estava sendo feito refém.
Mas
isso é outra história.
Após
esse episódio, ele sempre jogava isso na minha cara e vivia me arrastando para
o inferno, feito aquelas sombras malditas que levavam embora os vilões do filme
Ghost.
-
Tá bom! Estou indo para aí. Onde vocês estão?
-
“No Mc Donald´s.”
O piru de Chupa Cabra devia ser da Kopenhagen.
O
filho da puta pegava as mulheres mais maravilhosas do planeta e só levava para
programas pobres, fudidos e sem graça.
Comemorou
aniversário de casamento num rodízio de pizza, para vocês terem ideia de como
ele era cretino.
-
Estou chegando. Câmbio e desligo.
De
longe eu já vi a Sogra Diaba andando para lá e para cá, feito um
psicopata, falando no telefone.
Liguei
para o infeliz:
-
Chupa Cabra. O fato de eu chegar na mesa vai mudar o que? Vai ser só mais um
para apanhar.
-
“Não, você vai chegar como se a mulher fosse sua e eu sou apenas o amigo do
casal.”
O
plano era uma merda.
Era
mais fácil os garotos do desenho Caverna do Dragão irem para casa de táxi do
que a Sogra engolir aquela encenação.
Mas
numa coisa eu sou bom. Eu sei chegar num lugar.
Mais
sorrateiro que um leprechaun, passei despercebido ao lado da sogra e me
aproximei da mesa dos pombinhos, gingando, sorridente e falando entre
os dentes.
Chupa
Cabra encheu os olhos d`água quando me viu.
Paquita
Erótica estava com uma cara amarrada e batendo perninha.
Nem
olhei para a fera lá atrás, porque seria igual encarar uma medusa.
-
Olá!
-
“Obrigado filho! Agora convence essa birrenta que brigar com minha sogra é
suicídio.”
-
Brigar com a sogra dele é suicídio.
-
“E você acha que a solução sou eu e o Angelo fingirmos que estamos juntos?
-
“É de mentirinha.”
-
“E todo mundo que viu a gente chegando junto de mãos dadas? Vão achar que eu
sou o que? Uma puta?”
-
Ou que a gente faz suruba.
Nenhum
dos dois gostou da piada. Paquita Erótica era mulher direita e Chupa Cabra
muuuuuuuuuuito ciumento.
-
“Eu juro que vou resolver isso, mas não hoje, meu bem.”
Cheguei
mais perto dela, tão sem graça quanto um namorado da década de 40 e segurei a
mão dela como se fosse minha filha.
Foi
só eu fazer isso para a Diaba da Tazmania aparecer.
PUTF!
Mermão...
juro que saiu até fumaça.
-
“Tudo bem gente?”
Falou
com escárnio e olhos vermelhos.
Engoli
o coração de volta e fiz o que estava no script com a cara de pau que papai
Gepeto me deu.
-
Oi Dona Fulana, tudo bem?
Abri
um sorriso igual do Tony Blair e apertei a mão da Paquita .
Chupa
Cabra era o melhor:
-
“Oi sogra, passeando?”
-
“O que você está fazendo aqui?”
-
Vim fazer um lanche com eles.
A
Diaba apertou os olhos.
-
“Muito prazer, menina”
-
“Oi”
Clima
estava mais tenso que pentelho de Picaxu..
-
“Cadê minha filha?”
-
“Acho que está em casa, vou comer aqui e vou embora.”
-
“É? Engraçado. Na verdade ela me disse que estava por aqui também. “
Abortar
missão – abortar missão
Chupa
Cabra mudou de cor igual aquele antigo galo português do tempo.
-
“Aqui? Ela não me disse nada.”
-
“Olha ela ali!”
-
Nossa! Se tivéssemos marcado não daria tão certo.
-
“Né?” Respondeu a Diaba quase babando no queixo.
Mermão... A Poliça chegou se tremendo igual Xica da Silva.
-
“ O que você está fazendo aqui Chupa Cabra? Você não estava trabalhando?”
-
“Já trabalhei coração, saí mais cedo e vim encontrar com Angelo e a namorada.”
Falou
tudo junto sem pestanejar.
-
“Ahhhhhhh! Vocês são namorados?”
Falou
com desdém.
-
Sim, somos. Paquita, essa é a mulher do Chupa Cabra,
Sicrana, Sicrana - Paquita.
Sicrana, Sicrana - Paquita.
-
“Muito Prazer.”
Estávamos
sentados e as duas inimigas em pé nos cercando feito hienas da Etiópia.
Éramos
presas fáceis e eu já estava vendo a Diaba mordendo a cabeça da Paquita igual o
Blanka de Street Fighter.
Ousei:
-
Senta aí todo mundo. Nem pedimos nada para comer ainda.
Poliça
me fuzilou com os olhos e já foi no ataque xeque-mate para cima do marido:
-
“Você acha que eu sou idiota?”
-
“Que isso, amor?”
-
O que houve gente?
-
“Você jura por Deus que ela é a namorada dele?”
-
“Claro que é namorada dele, você está louca?”
-
Patroa, deixa de neurose. Ela está comigo!
-
“É mesmo, Angelo?”
Nessa
altura do campeonato, as mesas do lado já sentiram que ia rolar um homicídio.
-
Sim, claro.
-
“Então dá um beijo nela que eu quero ver.”
Eu
ri todo sem graça e suando.
-
Ué... dou, claro.
-
“Dá.”
-
Ué...
Mermão...
a Paquita Erótica me laçou no pescoço e me deu um beijo... mas um beijo
daqueles endoscópicos.
E
eu fechei os olhos e fui para cima.
Quem
olhava jurava que concorríamos algum prêmio.
Quando
a gente parou fez até estalo.
PLOC!
Chupa
Cabra, transtornado se levantou e começou a berrar:
-
“Está satisfeita sua maluca? É por causa dessas suas loucuras que eu não suporto
mais nosso casamento!”
Deu
um tapa na mesa, se levantou e foi embora bicando um copo de coca-cola do chão
e ainda deu um soco na cara do boneco do Ronald Mc Donald que não tinha nada a
ver com o assunto, mas mereceu a porrada só pelo sorriso de pedófilo.
As
duas foram atrás dele esbravejando e xingando pela rua.
Barraco
total. Vergonha extrema.
E
ficamos lá.
Eu,
todo borrado de batom e ainda buscando o ar e a Paquita Erótica de saia curta e
top intumescido em pleno Mc Donald´s
Fiz
o que qualquer ser humano faria naquela situação:
Comi.
Um
Big Mac.
Bom, vocês sabem, né... Divulguem o blog
para os amigos e inimigos
Em breve... Lançamento das camisas do C.U
Obrigado e volte sempre!