sexta-feira, 23 de agosto de 2013

MULHER KILL BILL


Encontrei uma mulher hoje na rua que vou ter que contar a história dela...

- “Olá, muito prazer!”

Caucasiana de cabelos loiros combinando com olhos rasgados cor de cacau e sobrancelhas grossas.  A cabeça pendia sobre um longo pescoço no qual alguns pelinhos salientes tremulavam arrepiados com o sopro do vento. Corpo esguio e bem articulado, mãos rápidas, pés pequenos, seios yakultianos, pernas honestas, sorriso jovial, nariz de pipoca e nádegas simpáticas.

- O prazer é todo meu.

Durante os pertinentes dois beijinhos cariocas, ela apertou minha mão com uma força não muito comum para uma mulher.

No momento que nossos olhos se fitaram o eixo da terra moveu 0,5 graus para a esquerda e houve um ruído na atmosfera.

Quem nos apresentou foi uma amiga: Felina Pombagira Pato Donald.
(Precisarei pelo menos de uns dez C.U para falar sobre ela.)

Estávamos numa festa e após um bate papo despretensioso percebi que a mulher era bastante descontraída e muito bem humorada.

Humor é a parte da mulher que mais me atrai.
A cumplicidade numa troca de piadas pode ser tão íntima, ávida e prazerosa quanto o sexo propriamente dito.
Já vi orgasmos de gargalhadas em mesas de bar mais intensos quanto os da cama.
Não deve ser a toa que a palavra “gozar” tem os dois sentidos.

- “Vamos fumar um cigarro?”
- Vamos!

Éramos os únicos na varanda, pois estava frio.
Ela acendeu o cigarro olhando para mim:
- “Mas fala aí de você!”

Deu-me uma cotoveladinha no braço que me fez babar a cerveja.
Detesto que me catuquem.

- “Está solteiro, casado ou enrolado?”
- Estou só.
- “Até parece!”

Outra cotoveladinha inconveniente. Percebi que ela era dessas.

- Sério! Solteiríssimo! Na pista! A varejo! Self Service!
- “Ah... nem vem que eu já conheço suas histórias pela Felina...”

Quando ela ia me dar outra cotoveladinha, eu defendi...
... mas ela golpeou no meu rim, com um pouco mais de força dessa vez.

- Tudo mentira ou calúnia da oposição.

Enrijeci dois dedos e espetei sua barriga tal qual um esgrimista.
Ela se encolheu.

- “Com essa cara toda de cafajeste?”

Beliscou meu peito e chutou minha perna.

- Pois é. Só tenho má fama e propaganda ruim.

Fingi que ia chutar na altura do seu rosto, mas apenas dei uma caneladinha de leve, em sua coxa direita.

- “Sei...”
Gingou na minha frente com o cigarro no canto da boca feito o Popeye e tentou acertar meu queixo com um soquinho de direita, mas eu esquivei.

- Na boa, vamos parar por aqui... vou acabar te machucando.

Ela olhou para mim igual aquele loirinho vilão do “Karatê Kid”:
- “Duvido!”

Deu um tapa na minha mão jogando o copo de cerveja no chão.
Numa manobra Mestre splinteriana, devolvi o golpe, tirei o cigarro de sua boca e ainda dei um tapinha na sua bunda.
Aí fudeu...

Caímos num Kung Fu inacreditável e só paramos quando...

- “Tudo bem aí gente?”
Felina apareceu na varanda com a cara vermelha de pileque.

Recompus-me sem graça, ajeite a camisa e baixei a guarda:
- Sim, claro, estamos apenas brincando e...

Aí a psiconinja aproveitando minha distração, deu um soco na minha costela e saiu fazendo careta, rindo:
- “Fraco!”

- Felina, essa menina ...
- “Não quero nem saber, vocês que são loucos que se entendam.”

E desse dia em diante foi sempre assim...

Toda vez que nos encontrávamos em qualquer lugar que fosse, Mulher Kill Bill e eu ficávamos nos espreitando, aguardando disfarçadamente entre drinks, sorrisos e canapés a melhor hora para o ataque surpresa, numa dança tarantinesca que para alguns parecia apenas um baita tesão enrustido.

Com o passar do tempo, nossas lutas foram ficando bem mais loucas e Mulher Kill Bill foi se tornando ousada, cruel, destemida e mortífera.

Numa festa, eu estava voltando bêbado da cozinha com uma garrafa de prosecco na mão e duas taças na outra.
Ela apareceu do nada, jogou-me no canto da parede, pressionando o antebraço na minha jugular.
Usando a tática “Gracie Jiu Jitsu”, derrubei-a no chão, apenas com uma das pernas e com a outra travei seu pescoço com o joelho.
Ágil, ela lançou a famosa “Chave Cicciolina” e me imobilizou.
Como eu estava com as mãos ocupadas, me rendi.

- Ok, essa você venceu.
- “Sempre venço!”

Minha vingança veio meses depois.

Estávamos todos os amigos viajando na casa de praia da Felina.
(O maior reduto de loucos do Hemisfério Sul, incluindo Tia Skol e Vovó Pirada, saudade no plural e infinita na memória.)

Quando de repente... quem chega? Mulher Kill Bill e... o noivo!
Um cara sério, gente boa e famoso no meio artístico.
Chegou na praia de terno e gravata.

Sabia que dessa vez ela ficaria quieta, então na primeira oportunidade que a encontrei sozinha pela casa, escarneci:
- Olha, só para finalizar já que você agora é uma mulher direita...

Dei-lhe um peteleco na testa, virei as costas e ri gargamelticamente:
- Eu sou o Mestre.

Nem terminei a frase e já senti uma voadora endoidecida nas minhas costas me jogando ao chão.
Seria proibida até no Telecatch*.

- Ô maluca, o seu noivo está...

Ela veio para cima feito vilão do Homem Aranha.
Tive que dar uma banda maculelê, mas ela já caiu virada na Edinanci*.
E a porrada estancou.

Eu de sunga, ela de biquíni e todas as pessoas na varanda sem saber que uma luta greco-erotic-romana acontecia na sala de estar.

Praticamente UFC na Banheira do Gugu*.

Para não fazermos barulho, as provocações eram sussurradas no calcanhar da orelha, mas a coisa ficou quente mesmo quando o nó do laço da parte de cima do biquíni se desfez, soltando os yakults
Se ela parasse para amarrar ficaria vulnerável e seria o fim da luta.

Parti para cima, passei a guarda e a prendi pelos pulsos sem chance de saída, crucificando-a no tapete.
Os seios libertos, ofegantes e suados apontavam rígidos e pontigudos em minha direção, como se me acusassem de algo.

Levantei a sobrancelha:
- Quem é o mestre?
- “Sou eu!”
- Seu noivo vai chegar a qualquer momento... Fala!
- “Me solta!”
- Quem é o mestre?
- “Sou eu!”

Dura na queda.

- Então... eu vou morder seus mamilos.
- “Morde.”

Fiquei desconcertado e engasguei a respiração.
Mulher Kill Bill puxou lentamente meu corpo de encontro ao dela e mandou feito uma lacraia sedutora em meu ouvido:
- "Sabe o que eu sempre quis fazer com você?"
- O que?

Mermão...
A taturana me deu uma joelhada no saco que me fez voltar três encarnações, numa delas eu era eunuco.

Nocaute.

Levantou, amarrou o biquíni, ajeitou o cabelo que estava igual ao da Glen Close em Atração Fatal e finalizou:

- “Tststs... Homens são tão bobos... Eu sou a Mestre!”

Deu uma risada de madrasta da Branca de Neve e saiu vitoriosa de encontro ao noivo que estava no quintal junto com o pessoal.

Nem viu a primeira almofada cruzar a atmosfera em câmera lenta direto na sua cabeça.
Quando virou já tomou a segunda na lata e caiu sentada na grama.

Peguei outras duas almofadas, enrosquei as pontas nas mãos transformando-as numa espécie de nunchaku.

Você viu Matrix?
Sem sacanagem, foi uma sequência de trezentas almofadadas numa velocidade de 900 km por hora sem chance de reação.
Ninguém entendeu nada, muito menos o noivo dela que também tomou com uma almofada na cara antes que falasse alguma coisa.
Foi uma surra sem precedentes que entrou para história das surras.
Venci.

Muitos anos se passaram... Nós amadurecemos...  ela casou
e eu fiquei noivo.

Foi num churrasco que nos encontramos pelos freezers da vida.

- “E aí rapaz, tudo bem?
- Tudo bem, e você?.
- “Conheci sua mulher, ela é ótima.”
- Obrigado,  seu marido também. Cadê ele falando nisso?
- “Tá gravando, infelizmente não poderá aparecer.
- Porra, que pena.
- “É... Quanto tempo a gente não se vê, hein? Você acredita que eu ainda guardo uma marca daquela guerra das almofadas?
- Jura? Desculpe! Nós éramos muito malucos, né?
- “Muito... inclusive... espero que sua noiva não seja ciumenta.”
- Por que?

Mulher Kill Bill com aquele olhar de Norman Bates*, entrelaçou os dedos e estalou todos de uma vez só: “PRACK!”

- “Tem dez segundos para se preparar para uma revanche: um... dois...”
- Hahaha... nem brinca...deixa de ser doida... imagina...
“... três... quatro...”
- A festa está cheia de convidados, eles não vão entender...
“...cinco...”

Eu sabia que nada que eu falasse, iria convencer a serial killer.
“... seis ...”

Minha noiva sentada de pernas cruzadas com o quinto copo de caipvodka na mão, só observava minha súplica.

- Amor... eu sei que o que vai acontecer aqui pode parecer loucura, mas é coisa antiga, brincadeira... Tudo bem?
- “Eu tenho que participar?”

....sete... oito ...

- Não.

 “... nove...”

- “ Então fiquem a vontade na loucura de vocês!”

 “DEZ!”

Droga, eu estava velho para isso...

Os amigos dessa vez fizeram rodinha em volta e até apostaram dinheiro.
Mulher Kill Bill e eu nos engalfinhamos de uma tal forma que saímos rolando pelo chão da festa. 
Parecíamos dois filhotes de babuínos enviagrados.
Era soco, tapa, puxão, chupão e pontapé para tudo que era lado.
Churrasco, suor e cerveja misturado com batom e perfume francês.
Homem lutar com mulher é prejuízo. Se você vence é covarde se perde é otário.
Decidi pela covardia.

- Peguei!

Encachei um mata leão e comecei a sufocá-la de verdade.

- Quem é o mestre?
- “..... eu!”

Num bote ela cravejou todos os dentes no meu ombro como se tivesse incorporada por um leopardo da Tropa de Choque.
Nenhum dos dois soltava, apesar dos hematomas e da dignidade e bom senso derretendo no chão quente.
A gente ia se matar de brincadeira.

- “Chega!”
Felina se intrometeu pela primeira vez porque a coisa toda tinha ficado totalmente fora de controle.

- Os dois são Mestres...da loucura extrema, pronto!

E separou a gente de uma vez por todas, por anos.

Exatamente hoje, quase uma década depois, estou passando pela rua e sinto uma lata de refrigerante bater nas minha cabeça.

Era Mulher Kill Bill com as duas filhas no carro. Passou rindo e apontando para o próprio peito, certamente orgulhosa pela pontaria certeira.

- “Eu sou a mestre!”

Isso não vai ficar assim...



Nota: Uma das lutas foi gravada por um cinegrafista amador.
http://www.youtube.com/watch?v=Jpoki4wBwtA

O CONTA UMA É DE GRAÇA E SEMPRE SERÁ, 
MAS COMPARTLHA AÍ COM OS AMIGOS, TÁ?
OBRIGADO!

2 comentários:

  1. to passando mal de rir,linho boy!!!!!!
    kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

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  2. kkkkkkkkkkkkkk Mas tô rindo muito aqui!kkkkk Vc é 10!rsrsrsrs

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