Uma rápida?
Em vários livros que já li, o inferno é descrito praticamente sempre da mesma forma:
Em vários livros que já li, o inferno é descrito praticamente sempre da mesma forma:
Um
lugar horrível, repleto de ruídos insuportáveis, odor desagradável, pessoas
derretendo, carregando pesos, sentindo dor, medo, humilhação, vergonha, cercados
de caras feias, sofrimento, olhos lacrimejantes, gritos aterrorizantes, corpos nojentos
e suados, monstros, barulho de ferro, vaidade extrema e luxúria.
Já
eu, chamo de academia de ginástica.
-
“Amor, vambora!”
-
Já vou! Só um momento.
-
“Você já se olhou no espelho vinte vezes.”
-
Reparou como eu fico bem com esse tênis?
Comprei
um tênis de corrida.
-
“Tchau! Vou malhar na academia mesmo!”
-
Poxa, mas você sabe que...
-
“Tchau.”
-...
não posso entrar lá.
Não
entro em academia.
Um, dois, três pé de pato, mangalô três vezes!
-
Então, tá! Vou correr na praia mesmo!
Gritei
para a porta.
Nunca
vi muita objetividade em correr se não fosse para pegar o ônibus.
Mas
até que correr na praia é legal.
O
visual, o clima, o ar quase puro...
Estou
correndo no momento.
É
engraçado como às vezes a gente passa a vida sem conhecer o próprio corpo, né?
Eu
por exemplo, descobri que corro muito bem.
Meu
único problema é respirar enquanto faço isso.
Estou
cansado no momento.
-
“Cansou moreno?”
Nem
a voz feminina me fez levantar a cabeça e os olhos, muito menos tirar as mãos
dos joelhos.
-
Não... eu... só... é só uma dor na coxa.
Mentira!
Estava sem ar mesmo.
No
dia anterior, a pessoa bebe igual puta de folga.
No
outro dia quer correr.
O
álcool fermenta, borbulha no estômago e espuma pela boca.
-
“Você se alongou?”
-
Hummm... não. Mas já está melhorando
Quando
comecei a correr, tive que traçar um plano fajuto na minha cabeça, só para me
distrair.
Eu
descanso, mas se passar um velho ou uma mulher perto de mim correndo, tenho que
manter o ritmo deles.
-
“Então vamos lá?”
A
mulher parou do meu lado e ficou correndo sem sair do lugar, feito um brinquedo
de camelô.
Era
uma coroa bonita.
Parecia
a Vó da Polly.
Com
tudo em cima.
Cabelo,
silicone e botox.
Toda
montada nessas roupas de ginástica.
Vamos
combinar que as roupas de ginástica que as mulheres usam é um caso á parte! Diz
que não?
O tênis era impecavelmente branco. Novo como se ela tivesse um para cada dia do ano.
O tênis era impecavelmente branco. Novo como se ela tivesse um para cada dia do ano.
A
meia grossa, ia até as costas do joelho.
A
calça era rosa choque camuflada, rajada de roxo e amarelo, como se a Isabelita
dos patins fosse dos Comandos em Ação.
Top
preto, toalhinha amarela e viseira.
No
braço, o que parecia ser um relógio de maneta, era um marcador de batimentos cardíacos.
-
“Vamos moreno?”
Sabe-se
lá o porquê, ela simpatizou comigo.
Quer
dizer... eu sei porque... sou fofo e charmoso.
Não
ia deixar a Vó da Polly, cheia de disposição, tirar uma onda com a minha cara,
né?
-
Vamos lá!
Ela
tinha ritmo e estava a fim de conversar.
Eu
tinha gases e só dizia: É!
Reparando
as pessoas curiosas que passavam correndo.
Tem
aquela gostosona de bunda grande que corre em câmera lenta como se estivesse num
concurso de bunda mais bonita da cidade.
E
o cara musculoso que jura que faz parte da Liga da Justiça indo salvar o
planeta.
O
gay apertado na lycra, sem um pêlo no corpo sequer que corre como se quisesse
fazer xixi.
O
velhinho tarado com torcicolo que nem corre, só quer ver a mulherada.
Tem
aqueles que correm tentando alcançar a autoestima.
Tem
o suado derretido que corre esbaforido como se um Javali o perseguisse.
Os
maratonistas, atletas e lutadores.
E
é claro... A maioria que só quer emagrecer mesmo...
Existem
pelo menos cinco coisas que emagrecem comprovadamente:
Chifre,
doença, sibutramina, crack e corrida.
Melhor
correr!
-
“Vai subir?”
Han?
-
Han?
-
“Vai subir correndo?”
Tinha
até esquecido da Vovó Polly ao meu lado.
Subir
correndo...
No
fim da praia tem uma “montanha” gigante que dá num Museu muito maneiro inclusive,
em forma de disco voador, criado pelo finado Oscar Niemeyer.
Estranho
falar isso... Finado Niemeyer...fi-na-do-Ni-e-mey...
Enfim...
E
eu estava de ressaca.
Só
queria fazer um Cooperzinho para ficar de cooper feito..
E
descobri que não usam mais essa palavra, muito menos a piada.
Foda-se.
Devo
nada para essa coroa...
Mulher
chata, cheio de fôlego ainda.
-
Vou subir não.
E
desabei.
Ok...
Ela me venceu, deve tomar chá com esteroides.
-
“Vamos caminhando então?”
Porra...
Ela
parecia uma mistura de personal trainner com aquele pessoal que dá sopa para
mendigo?
Estava
querendo me ajudar.
-
Hummmmmm... É que...
-
“Só para gente concluir.”
-
Tá.
Subimos
o elevado andando.
De
repente a porra do bipzinho cardíaco da coroa estava apitando mais que o
Wolverine na porta do banco.
-
Tudo bem?
Ela
foi desfalecendo feito boneco de cera em sauna.
-
Xi.....
Esse
negócio de ser saudável, às vezes faz mal para saúde.
Sentei
a Vovó da Polly no banco.
Conta
comigo. Um negro correndo no calçadão da zona sul atracado com uma loira...
dou-lhe uma, dou-lhe duas...
Rapidamente
várias pessoas apareceram para ajudar com copos d’águas e leques.
Como
não sou médico, nem parente, nem escoteiro, nem bonzinho.
Fui
embora.
Continuei
subindo.
Até
comecei a correr de novo.
A
vista é muito bonita.
Infinitamente
mais prazeroso do que correr em esteira de academia.
Um,
dois, três, pé de pato, mangalô, três vezes!
Lá
de cima você vislumbra todo o horizonte.
É
bem alto.
Seria
uma queda e tanto nas pedras se alguém por descui...
Mermão...
Tomei-lhe
uma porrada na nuca de algum animal voador...
“PAH!”
Escorreguei
e quase caí do penhasco. Quase mesmo!
O
cu travou igual discussão de gagos.
-
Que porra é essa?
Primeiro
achei que tinha sido atacado por um Pterodátilo.
Mas
como não tem ninho deles ali por perto...
Depois percebi que o bicho agonizando no chão,
fazendo ruídos estranhos era um avião.
Tal
qual o WTC fui atacado por uma porra de um aviãozinho desses de aeromodelismo.
Machucou.
Aí
vem descendo o Bin Laden com o controle na mão.
-
“Ô, meu amigo, me desculpa!”
Não.
-
“Me descuidei.”
-
O problema é que eu quase caí, lá embaixo. Tem que tomar cuidado. E se fosse
uma criança?
Dei
um esporro com minha voz de esporro.
-
“Claro, claro... você tem razão. Qual o
seu nome?
-
Angelo Morse.
-
O meu é Renato, vou te pagar uma água de côco pelo incidente.”
-
Não precisa.
-
“Faço questão.”
O
avião era maneiro, grande, bonito e vermelho.
Renato
mexia no aviãozinho com a delicadeza de um ginecologista e a paixão de um
Romeu.
Acariciava
como se fosse uma criança.
-
Graça a Deus, foi só um arranhão na asa esquerda.
E
outro no meu pescoço.
-
Como funciona?
-
“É tudo pelo controle.”
-
Hummmmmmmmmmmmmmm...
-
“Quer ver?”
-
Sim, sim.
Maneiríssimo
o aviãozinho mesmo!
Fazia
as acrobacias perfeitas e viajava ousadamente por cima da praia.
-
Mas vem cá... E se ele cair na água?
-
“Não cai.”
-
Por que?
-
“Porque não. Eu não deixo.”
-
É... seria uma merda para pegar de volta.
-
“Nem fala.”
E
o aviãozinho voando sobre o mar.
-
Mas você já viu algum cair na água?
-
Nunca.
No
momento exato que ele falou isso...
Acreditem
ou não...
O
avião caiu na água.
-
“Puta que pariu!”
-
Ih... rapaz...
-
“Porra! Que boca!”
-
E agora?
Renato
sem reação olha o aviãozinho náufrago.
Ia
dar um trabalho da porra para resgatar o brinquedo.
Como
não sou bombeiro, nem salva vidas, nem amigo, nem bonzinho.
Fui
embora.
Desci
com um pecador sorrisinho "coringuesco" na cara.
Por
via das dúvidas, resolvi correr.
Antes do fim do mundo sai outro. Divulguem para mim...
kkkkkkkk!
ResponderExcluirCircuito alcool- jogging! Rsrs " jogging" é da SUA época!!!
ResponderExcluirCircuito alcool- jogging! Rsrs " jogging" é da SUA época!!!
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