quarta-feira, 18 de julho de 2012

Meu Sogro: Vagina Seca




Sogros fazem parte do seu relacionamento.

E o primeiro que eu tive parecia uma vagina seca.
Impenetrável.

Militar aposentado, mantinha sempre o mesmo semblante e suéter. Arrastava uma sandália de couro e usava o short do pijama sem cueca, revelando o seu famoso e murcho testículo esquerdo.

Sua guerra: Manter três fios de cabelo relutantes em cima da testa.

Tinha a rotina de um marcapasso:
Ia do quarto para mesa, do prato para o vaso, e da pia para cama.

Menos aos domingos.

Quando se permitia um único lazer:

Assistir ao futebol na poltrona, fumando cachimbo, bebendo Campari e comendo ovos cozidos com chuchu e parmesão.


Meu sogro era um velho clichê, eu sei.


Eu o chamo de sogro porque na minha época se você transava com a menina, levava ao cinema e conhecia os pais, estava praticamente noivo.

(Não nessa ordem!)


Minha sogra, Dona Carmem, por sua vez era um amor de pessoa.

Uma senhora elegante, inteligente e divertida. Tinha olhos gentis e cativantes que camuflavam os anos ao lado da estátua de carrara que era o marido.
Ela sempre se desculpava pelo jeito granoblástico dele:

- “Meu filho, Vagina Seca é assim mesmo. A última vez que sorriu foi no enterro de papai.
Humor negro.


Mas a verdade é que Seu Vagina Seca não ia com a minha cara.

Quando eu dava bom dia, ele dava um grunhido. Quando eu dava tchau, ele roncava.


Nunca tinha visto a cor dos olhos dele.


Quando passava por mim não se dirigia e quando eu ligava, não atendia.

Bianca era mais velha e muito mais maluca do que eu, mas como todo pai, ele achava que eu é que a levava para o mau caminho.


Depois de um tempo, desisti. Paciência.

Mas Bianca, insistia:

- “Quanto mais tempo isso levar, pior vai ficar!”
- Quer que eu faça uma serenata para ele?

- “Quero que você use o seu charme para conquistar o velho.
- Pois sim.
- “Você é naturalmente engraçado! Seja natural!”


Tão natural quanto um bobo da corte judeu tentando entreter Hitler.


- “Hoje tem jogo, meu pai é flamenguista igual a você. É um ótimo dia!
- Ótimo dia para um suicídio.

Ganhar a simpatia daquele homem seria como arrancar um ciso de um hipopótamo.


Eu queria mesmo era ver o jogo com a minha torcida.

Mas no fundo, aquele velho me irritava.

Mau humor me incomoda deverasmente.

Devia ser pecado capital no lugar da preguiça.

Cara, quer saber? Vou encarar o coroa.

Cheguei perto do sofá como quem não queria nada e fiquei em pé olhando para TV.

Ele nem piscou.

Quando o jogo começou, me adiantei e sentei num movimento só.

Ele pegou a mesinha com a garrafa de Campari e os dois ovos cozidos com chuchu, tirou e arrastou para perto dele.


Comecei tocando a bola pelo meio:

- É hoje, né Seu Vagina Seca!? Mengão hein!? A goleada vai ser de quanto?

- “É.”


O “Flecha de gelo” bicou a bola para lateral.


Fiz um lançamento:

- Adoro o Romário!
- “Eu não! É indisciplinado e prepotente”.


Hadouken! Foi nas minhas pernas sem bola.

Já levantei batendo a falta:

- É, mas na pequena área ele é um mestre!

- “Prefiro o Sávio que é um exemplo dentro e fora do campo.”


Acendeu o cachimbo dando seguidas baforadas e o vento jogava toda fumaça na minha cara.

Cartão amarelo.


Achei melhor jogar pela lateral.

- Acho cachimbo curioso. Tem que tragar igual a cigarro?

 - “Não.”

Aumentou o volume da TV.

Ele era mais escroto que peido em elevador.


Sem mais, deixei o grilo cantar: Cri...cri...cri..

E o tempo passava jabutinescamente, enquanto eu tentava, em vão, decifrar aquela esfinge sentada ao meu lado.


Foi assim até o juiz apitar.


Mas eu tenho Fair Play:

- Vou até a cozinha, o senhor quer alguma coisa?

- “Peça a minha esposa mais um tira gosto, por favor.”


Mãe e filha estavam na torcida, se divertindo:

- “E aí já são amigos?”

- Ele é tão sério que chega a ser irônico.

- “Você está muito nervoso meu filho! Tem que ser mais ousado. Vou te contar, ele acha que sabe de tudo! Experimenta deixá-lo curioso.

- Jura?

- “É assim que eu sobrevivo.”


Voltei para o segundo tempo com a cabeça quente e o petisco frio não mão.

Scaneando meu cérebro jovial atrás de alguma sacada original e interessante.

Não achei.

O jogo recomeçou e eu optei pela retranca.
Botei o pratinho na mesa e afundei no sofá como quem deita na lama.


Num lampejo de gentileza, ele me ofereceu o petisco:

- “Aceita um?”


Opa! Um espaço.

- Aceito sim, obrigado!
Peguei um ovo cozido e antes de abocanhá-lo, do nada, mandei de fora da área com o goleiro adiantado:


- O senhor sabia que o chuchu é uma fruta?


Seu Vagina Seca quase se engasgou.


Cruzei as pernas como se fosse o Sigmund Freud do chuchu:

- É uma fruta!

- “Está enganado. O tomate que é um fruto.”

- O tomate e o chuchu.

- “Nunca ouvir falar nisso!”


Cheguei perto como quem divide um segredo:

- É que poucas pessoas sabem.


Mandei o ovo pra dentro de uma vez só.


Romário bateu e GOOOOOOOOOOOOOL...
Um a zero para o Flamengo.


Eu pulei e gritei de alegria.

Seu Vagina Seca comemorou mais ameno, fechando os punhos para cima.


Ele realmente ficou curioso...
- “Interessante esse negócio aí do chuchu...”

- É né? E não é só ele. A berinjela, o pepino, a abóbora e o pimentão também são frutas.

- “Mentira????”

- Pois é! Li na Larousse Cultural.


(Em 3.200 A.C, pessoas batiam de porta em porta vendendo coisas.
Eram Livros, Yakult ou Testemunhas de Jeová.

Minha mãe comprava livros e Yakult.)

- “É...Esqueci o seu nome, perdão?”

- Angelo.

- Aceita uma bebida, Angelo?


Hummmmmmmmm....Claro.


- “Gosta de Campari?”

- Não conheço muito.


Contra-ataque:

- Não acredito! Não conhece?

Levantou-se para pegar um copo para mim.


- “... Minha família é italiana. Toda vez que bebo, lembro do meu pai que sempre contava a história. Foi inventada por um garçom, Gaspare Campari, que nas folgas experimentava receitas. Tem mais de cinqüenta ingredientes e ainda hoje, é preparada com a mesma composição original, graças à fórmula que foi guardada em segredo absoluto por mais de 100 anos.


Serviu- me de um copo e pôs na minha mão.


Jogando de sapato alto, tentei roubar-lhe a bola novamente:

- É o caso da Coca-Cola que...


Ele segurou meu braço com força e pegou o copo de volta, sério:

- “Escuta aqui! Coca-cola é para moleques; Campari é para homens.”


Tomei um susto.
Ele percebeu o silêncio na minha garganta.
Pela primeira vez vi a cor dos seus olhos.

Eram da cor da bebida: Vermelho.

- “Qual dos dois você é? Homem ou moleque?”


Era sobre maturidade, bebida ou a filha dele?

Peguei o copo de volta bem devagar, sorrindo:

- Sou homem.


Virei tudo de uma vez só.

Mermão...
Já tomou Campari?

Puta que pariu!  Que troço ruim!

Parecia perfume, remédio e veneno.

Foi um amargo na língua, uma ardência na garganta e um enjôo no estômago.

Com a mesma velocidade que bateu, voltou.

Vo-mi-tei no ta-pe-te.

Não sabia se era sangue ou só a bebida.

As mulheres vieram correndo assustadas?

Seu Vagina Seca dava tapinhas nas minhas costas e ria.
Riu muito. Gargalhava, o canalha.

- “Não foi nada, só o menino que ainda tem muito que aprender.”


Eu, tossindo, só acenei que estava bem.


- “Quer uma Coca-cola?”


Gol do Sávio. Flamengo 2 a 0. Campeão invicto.
Seu Vagina Seca pulava e gritava de alegria.

Eu comemorei mais ameno, fechando os punhos para cima.
Nunca mais bebi Campari na vida.

NOTA: GOSTOU? Divulga para mim? Se publicar no seu facebook, me marca para eu rezar por você.
Mas pode ser também por twitter, E-mail, SMS, fofoca, mesa de bar...
Bjs

quarta-feira, 11 de julho de 2012

TI-TI-TANIC



Sou conhecido pelo meu incrível poder de persuasão:
- ...Zuretta, entendo que você não queira ir, mas é fundamental a sua presença.
- “Não vou.”

Meu incrível poder de apelação:
- Porra Zuretta, por favor! Por tudo que a gente já passou juntos! Pela nossa amizade! Pela nossa história! Pelos sacrifícios que eu já fiz por você!
- “Não vou!”

E o maior poder de todos...O de ser chato para caralho!

- Justiça, verdade, honra e lealdade! Invoco o Código Thundercat! Zuretta, o Código Thundercats! Código Thundercats!

Aí não tem escapatória.

- “Puta que pariu...Tá bommmm, eu vou!"
- Eu te amo!
- “Mas você sabe que é muita sacanagem sua me pedir isso, né?”

O favor que eu estava pedindo era simples.
Há uns seis meses atrás, ele tinha transado com uma menina que era...Como posso dizer...Já deve ter um nome politicamente correto para o termo...
Bem, ela era vesga. E gaga. E chata.

Foi uma única noite de sexo e dois meses de martírio.
Até ela entender que ele não queria mais nada.
Eu sei...Que cretino, né?

Acontece que a Vespa era um chiclete daqueles que só sai da sola raspando o sapato no meio fio.

Foi quando...Vai rolar Flash Flash back, presta atenção:
- “Oi Angelo! Quaquanto tetempo!
- Oi Vespa, tudo bem?
- “Tudo bem. Essa é maminha Amiga Gostosa, ela é de Flofloripa e estátá passando as faférias comigo, conhecendo a cidade.
- Muito prazer! Seja bem-vinda Amiga Gostosa!

Amiga Gostosa era... Enfim!

- “E sasseu amigo Zuretta?”
- Está bem. Maluco...solteiro.
- “Ainda? A gente bem que popopodia sair os quaquatros? Será que ele totopa?”
- Totopa..quer dizer, topa, claro!
- “Amanhã na maminha casa?”
- Pode ser.
- “A gente fafaz um “esquente” dedepois vai para um babarzinho”.
- Perfeito! Vou combinar com Zuretta.
- “Vavai mesmo?”
- Vou.
- “Vavai nada!”
- Vou sim, deixa comigo!
- “Quequero ver.”

Entenderam?

- “Moleque, você vai ficar me devendo essa pelo resto de nossas vidas!”
- Cara, não precisa pegar a mulher. É só fazer companhia e sorrir.
- “Sorriso de mosca na teia.”

Fomos.
A Vespa morava no alto de uma subida, num lugar tão tão distante.

Tipo o castelo do Merlin, saca?

Escalamos o morro como cavalheiros que sobem para salvar a princesa do dragão.
Nesse caso eu iria salvar a princesa e Zuretta o dragão.

Os dois esbaforidos, enfim tocamos a campainha...
A Vespa abriu a porta com um sorriso...
Parecia que uma linha ligava o canto da sua boca a maçaneta.

- “Olá!”
- Hi!
- “Vejam só se se se não é o Sr Sussumido!”

Zuretta deu um sorriso de Monalisa.

- “Entrem! Amiga Gostosa está preprepreparando uns drinks.”

Hum...Gostosa e prepara drinks...É para casar, né?

Reparei que a casa toda estava meticulosamente preparada para o abate.

Meia luz. Meia calça. Meia taça.

A Amiga Gostosa já nos recebeu com dois copos de Cuba Libre.

Diz aí, tinha como não se apaixonar?

E ela tinha sotaque.
Geralmente eu gosto de sotaques, meu problema é que após duas horas conversando com a pessoa, eu pego o sotaque para mim:
- E tu vais ficar quanto tempo aqui na minha terra guria?
- “Quinze dias.”
- Nossa! Dá para curtir muito.
- “É só disso que eu preciso”

A Amiga Gostosa tinha acabado de tomar um chifre do namorado e estava naquele lema: Vou dar um troco naquele canalha dando para o primeiro cara legal que aparecer.

Nesse caso...Este hombre que vos vala.

Mesmo se não me achar legal, convenço a você que sou.

Então foram risos, charme, sedução e magia no ar.

Zureta fez o que estava no seu script:
Se besuntou de glacê, pôs uma cereja na cabeça e deixou a Vespa  sugar torrão por torrão, todo o açúcar da sua alma.

De vez em quando tentava me esfaquear com a menina dos olhos.

Numa hora me escorou na cozinha:
- “Vem cá, agora a gente já pode sair para outro lugar, né?”
- Sair para onde Zuretta? Você acha que elas querem mesmo sair daqui? Elas querem amor, Zuretta, amor.

Voz em off:
- “Tchutchucãoooo, prepapara mais um dridrink para meeim?

- “Escuta isso moleque!”

Tchutchucão foi foda.

- Ah! Tchuchucão...
- “Vou colocar cicuta no copo dela.”
- Não fala assim!
- “Tem razão, vou colocar no seu.”

Com cicuta ou não, tomamos tantas Cubas Libres que estávamos todos com a cara do Fidel Castro.
"Viva Cuba! Êêêê... Cubão!”

Locos!

- “Sabe de uma coisa? Tomara que o desgraçado do meu ex-namorado esteja feliz com aquela vaca!”

Dica: Quando uma mulher carente e com raiva começar a falar mal do homem, o mais certo é você tirá-la para dançar antes que o veneno estrague toda a carne.

Seja lá qual for a música que esteja tocando.

Por sorte era o sucesso da época:
My Heart Will Go On, com Céline Dion. tema do Titanic:

- Não chore por uma desilusão amorosa, pois se você se iludiu não foi um amor verdadeiro.

Tstststs...Canastrãããããããão.

Mas funcionou.

Tal qual uma jibóia esfomeada no cio enrosquei-me na lebre e comecei a mastigá-la pelas orelhas.

Zuretta também se entregou a sua sentença.

Os dois casais dançando. Estava muito romântica a cena.

Lembra do filme Titanic?
Tudo ia muito bem até a porra do navio bater no icerberg.

- “Angelo, você tem camisinha?”

Apresento-lhes meu iceberg.

Esqueci que a AIDS só desaparece do nosso corpo após o sexto encontro.

(OBS: Para os jovens que leem o Conta Uma, saibam que isso é uma piada. Usem sempre camisinha! É...Não usem drogas e se for beber não dirija!
Mas me chame!)

- Caramba, não trouxe.
- “Poxa...Então não vai rolar.”

O casco do navio rachando.
“Craaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaash”

- Só um minutinho por favor.

Fui correndo até Zuretta que estava com uma cara de quem ia comer um churrasco grego.

(Saca churrasco grego? Não? Procura no google, só!)


Sabia que não deveria, mas ia comer mesmo assim.

- Tem camisinha aí Zuretta?
- “CAMISINHA?????????????????????????????”

Falou alto e fez uma cara como seu eu tivesse perguntando se ele tinha uma roupa de escafandro estilizada pelo Romero Brito.

- É porra! Camisinha, conhece não?
- “Tenho nada! Comigo vai na veia mesmo!”

Com a sutileza de um hipopótamo numa piscina de bolas.

- Droga! Vou ter que sair para comprar.
- “HA! Onde? Até você descer esse morrão e voltar, a mulher já foi embora para Florianópolis, moleque.”

Foi aí que a Vespa com ouvido de tuberculoso, soltou lá do fundo das almofadas:
- “Angelo! Vavai com a babicicleta dodo meu irrrmão que está na gaga...garagem.”

Mandei um beijo como se ela tivesse me dado uma boa idéia.

- Amiga Gostosa! Eu já volto, tá?
- “Não demora, não!”
- Volto antes de você falar: supercalifragilisticexpialidocious

Vamos lá! Quem aposta que eu sou especialista em bicicletas?
Devia ser umas onze horas da noite, pouco iluminado, a porra do morro era uma descida satânica e mortal, a rua cheia de buracos, eu bêbado, de bota e camisa social para fora da calça jeans com cinto aberto.

Mas com o tesão de Carandiru...Encarei a super rampa

Montei na bike como quem monta um dromedário.

Assim que comecei a descer ouvi de longe Zuretta gritando desesperado da porta:
- “MOLEQUE! NÃO TEM FREIOOOOOOOOO!”

What? Apertei o freio e cadê?
Quem é o filho da puta que usa uma bicicleta sem freio?

Já era tarde.

Fui pegando rapidamente uma velocidade incrível.
No meio do morro eu devia estar, sei lá, uns 460 km.

A bike tremia mais que velha quando ganha em maquininha de bingo.


Minha camisa flutuando lembrava a capa do Superman.
Pessoas olhavam curiosas pelas janelas de suas casas o foguete da Nasa.
Lá no final da rua avistei um paredão branco onde seria minha lápide.

Lembrei da minha infância, dos meus amigos, da minha mãe...

Num último lampejo de instinto de sobrevivência.
Fiz o que qualquer homem faria:
Joguei a bicicleta num buraco.

E voei.

Ainda tentei me agarrar na lua, mas ela minguante, não suportou.

Espatifei-me no chão como uma compota de doce de abóbora.
Rolei ainda uns cinco metros e afundei a cara na lama.
Ironicamente em frente à única drogaria...Fechada, claro!

Meu amigo Zuretta desceu o morro atrás de mim como se os pés fossem skis.

- “Caralho moleque achei que você fosse morrer!”
- Não morri?

Sangrando, arrebentado e sem dignidade, subi o morro mancando.

Amiga Gostosa cuidou dos meus ferimentos com éter.
Dormi em teus colo, chorando feito criança, abraçado ao meu pênis, um consolando o outro.

Até que o oceano congelado ficou em silêncio.

Já Zuretta, "esperto", comeu a Vespa e ainda fez um filho nela.

Não me perdoou até hoje.

NOTA DO C.U: Gostou? Então publica no seu mural, no seu twitter, envia por e-mail, SMS, no boca a boca, me ajuda aê, tá?

terça-feira, 3 de julho de 2012

Minha Terceira Primeira Vez


Intimidade só dá filho e apurrinhação, né?

Mas irei abrir mais uma vez a minha para vocês. 

Eu tive  três primeiras vezes.                        

Todas com a mesma mulher:

Claudinha.
Claudinha era menina do interior.
Seu sonho era morar na cidade grande para estudar, ganhar dinheiro e ajudar a família.
Veio para minha casa para ser empregada doméstica e tomar conta de mim enquanto minha mãe trabalhava.

Eu tinha uns treze.
Era pré-adolescente.
Mas na minha época, a indústria pedófila da propaganda ainda nem tinha nos descoberto, então esse termo nem existia.

Eu era só uma criança mesmo.

As festinhas eram americanas: "Menina leva salgado e menino refri."

Bebida alcoólica se resumia nas batidinhas em copinho de café que eu roubava nas festas dos adultos e o keep Cooler que eu roubava da geladeira.
Cerveja ainda era amarga para mim.

Drogas? Bom, eu fumava uns cigarrinhos de chocolate. Lembra?
 Qualquer embalagem de produto infantil tinha crianças brancas, loirinhas de olhos azuis.
Mas a porra do politicamente incorreto cigarrinho de chocolate vinha com um neguinho sorrindo estampado na caixa, estilo: “Para nossa alegria!”

E sexo... sexo se resumia nas famosas revistas de mulher pelada.
Com todo o respeito dona Yoná Magalhães, mas por muitas vezes eu e a senhora namoramos no meu banheiro...
Acariciava os azulejos enquanto vislumbrava a Magda Cotrofe...
Fiz muito cafuné em papel higiênico homenageando a Vera Fisher,
Maitê Proença, Cláudia Bin Laden Ohana, Luma de Oliveira, Lúcia...

Lúcia Veríssimo eu tinha medo.
Nos meus sonhos ela sempre me batia com os peitos.

Sexo na TV?  Só de madrugada com os filmes do queridíssimo Neville d`Almeida.

E claro...Ela...A rainha...Emanuelle.

Gostaria de pedir uma salva de palmas para Emanuelle.
Ela não me ensinou a fazer sexo, me ensinou a fazer amor. 
Obrigado por tudo.

Hoje em dia não! Qualquer moleque enche o rabo de vodka, fuma e transa.
Com internet, não precisa nem sair de casa para transar.
 Se na minha época existisse internet teria esfolado meu pênis até desaparecer.
Ia ficar igual o Ken da Barbie.

Então você imagina a minha surpresa quando Claudinha deixou os seios à mostra enquanto pendurava as roupas no varal da varanda.

O joelho dobrou, a mão tremeu e os olhos quadriplicaram de tamanho como seu eu fosse um Mangá.

Ela viu que eu a vi, deixou mais um pouco e depois se recompôs.

Eu engoli a seco.
O coração:...tum-tum,  tum-tum, tum-tum...

Corri para o banheiro como o Clark Kent corre para cabine telefônica.

Não há diferença entre um menino e um urso.
É sujo, é bobo e vive rolando pelo chão.
Já uma menina de doze anos é praticamente a cópia da mãe.

Claudinha tinha dezesseis.
Era cópia do demônio.

Dormíamos no mesmo quarto.
Minha cama era de um lado e a dela era do outro.

Tentei dormir, mas a cena da varanda não saía da minha cabeça.

Claudinha que sempre dormia com um lençol xadrez.
Mexeu o peão duas casas.

- “Eu vi que você estava me olhando na varanda hoje.”

Fiquei vermelho igual o nariz do Bozo Bozinho Bozoca Nariz de Pipoca.

- Eu? Eu não...
- “Tudo bem, eu não ligo.”

O coração: “ Tum...Tum...Tum...”

- “Quer ver mais de perto?”

“Tum,Tum,Tum,Tum,Tum,Tum,Tum...”
Praticamente a trilha de Tubarão

- Não, obrigado.

(Ê-de-ó-ta!!!!)

- “Tudo bem, então. A gente faz assim. Eu vou mostrar e você olha se quiser, ta?”

Fechei o olho.
Todos os músculos do corpo estavam travados.

O coração parecia uma rã com Ritalina.

- “Deixa de ser bobo, garoto, pode olhar.”

Abri um olho.
O luar que invadia a janela do quarto, só batia do lado dela.

Os seus seios intumescidos eram...
Como vou explicar...?
Era... leite condensado, caramelizado, com flocos crocantes cobertos por um delicioso chocolate.
Mas ou menos assim.

Foi uma das coisas mais bonitas que eu já vi na vida.
- “Quer encostar?”

Quero! Quero! Quero!

Ainda muito sem graça, me arrastei até o outro lado do quarto, cheguei perto da cama e toquei o seu seio esquerdo.

Um pêssego.

- “Pode beijar!”

O beijo mais singelo da minha vida foi num mamilo.

- “Agora dorme!”

Han?

Deitei na cama, mas demorei a dormir.

Algo cristalino se quebrou dentro de mim nesse dia.

Foi minha primeira vez, número um.

No dia seguinte fiz o que qualquer homem faria.
Contei para todos os meus amigos.

Ninguém acreditou.

Dois dias depois no lençol xadrez, Claudinha avança com a torre.

 - “Que me ver pelada?”

Nem consegui falar, só balancei a cabeça para cima e para baixo.

E a maluca tirou a roupa completamente.

- Uau!

Não vou dizer que ela parecia a Brook Shields em Lagoa Azul.
Na verdade, Claudinha tinha mãos e pés de quem trabalhou em lavoura e a cara parecia uma briga de foice no escuro.

Mas do calcanhar até o pescoço... Era perfeita.

E amo frango assado, mas não como nem a cabeça, nem o pé e nem a asa.
Ok, a comparação não foi boa.

Sei que ao vê-la nua eu parecia mais um filhote de coiote.

- “Quer conhecer outra parte minha?”

(Eu disse que a garota era um demônio.)

E foi assim que eu conheci a Dona Vagina.

- Muito prazer, Dona Vagina!
Dei mais que dois beijinhos.

Mas foi tudo oral.

No final era como se eu tivesse comido 89 maças do amor.
Maxilar doendo, língua adormecida e cara lambuzada.

Tá eu sei, essa comparação também não foi boa.

- “Agora dorme!”

Como se adestrar um macho.

- Mas Claudinha...
- “Amanhã a gente termina.”

Pinto de Adamantium.

Dessa vez foi impossível dormir mesmo.

Minha primeira vez, número dois.

Mamãe até esse dia não tinha se ligado em nada.
Mãe sempre acha que filho é um bebê ainda.
Mas a minha nunca foi burra.
Quando ela me viu varrendo o tapete e indo fazer compras, desconfiou.

Mulher sente o cheiro de baba de tarado mesmo que for a do seu próprio filho.

Percebeu que o seu anjinho já não tinha mais a auréola, asas e harpa.
Pelo contrário: Só rabo ponta de flecha, tridente e chifre.

Nunca torci para o tempo da escola passar tão rápido.

- “Angelo, vamos jogar queimado?”
- Hummmm...

Eu sei, é meio gay.
Mas eu adorava jogar queimado. Era o melhor da escola, inclusive.
Também já fui campeão de bambolê, mas essa história eu só conto muito, mas muito bêbado mesmo.

- Poxa, hoje não dá.

Claro que não dava, eu só tinha cabeça para Claudinha.

Quando chegou a noite, eu fui dormir mais cedo que o normal.

- “Já vai dormi meu filho?”
- Vou mãe.
- “Dorme com Deus.”

É ruim hein!

Claudinha demorou a vir para cama, mas veio.

Minha mãe também demorou a ir para o quarto dela, mas foi.

Tudo certo.

Parecia que eu tinha tomado dez Viagras e quinze êxtases.

Já virei cafajeste:
- E aí Claudinha, vamos?

Mexi com o Bispo.

- “Tá nervoso?”
- Não.

Estava só prestes a ter um ataque cardíaco sentindo o coração bater dentro do meu saco.

- “Pula aqui para minha cama.”

Entrei por debaixo do lençol xadrez igual uma marmota.

“Round 1 – Figth!”

Tudo que você faz a primeira vez, pode até ser muito bom, mas é sempre meio atrapalhado.

Quando foi chegando a hora do orgasmo...
Eu tive a certeza que estava desencarnando.

- Vou morrer...

Na hora em si.
Se enfiasse uma lâmpada na minha orelha acendia.
Após dois minutos eu comecei a chorar.
Chorei mesmo.

Minha primeira vez, número três.

Até que...

- “O que está acontecendo aqui?”

Mermão...
Tomei um susto de barata quando a luz acende.

Dei um pulo de Snarf de cima da Claudinha...

- “Alguém pode me explicar?”

...E parei do outro lado na minha cama.

Hoje eu sou matrix.
Mas nessa época ainda não.

Dei uma porrada com o joelho no estrado.

- Uuhhhh!
- “Hein Sr. Angelo!?”

Minha mãe estava brava...

- Mãe...Eu..só estava...fazendo...companhia...
- “Sei.”

No dia seguinte, mamãe malvada mandou Claudinha devolta para o interior, no primeiro ônibus.

Fez bem.

Se não hoje, com certeza eu seria pai de um dos oito filhos que ela tem.

NOTA: Não esqueça de compartilhar no seu mural, twitter, e-mail e no bom e velho boca a boca.