Desde que minha mulher
devorou, feito uma hiena, o famoso e badalado livro: “Cinquenta tons de
cinza” que ela vem ficando mais...ousada.
Tanto que me encheu o saco
para ler também, insistindo que teríamos que fazer todas as peripécias do
livro.
A última vez que li algo
tendo que repetir tudo que o autor pedia, foi "Diário de um Mago", do Paulo
Coelho, que conseguiu com que eu me transformasse numa árvore.
Eu sei, também não tenho
orgulho disso.
Confesso que comecei a
folear o tal livro de romance-mulherzinha-erótico que causou furor uterino em
tantas fêmeas ao redor do planeta.
Eu realmente me interesso
por tudo que mexe com a psiquê e com o comportamento feminino.
Acho mulher um animal tão
interessante...
Depois que tive uma filha, que nada mais é do que uma mulher filhote, fico cada dia mais curioso.
Já no começo do livro a
gente percebe a diferença de objetividade narrativa para ressaltar os dotes do
protagonista.
A autora leva cinquenta
páginas para fazer você entender que o cara é gostoso, rico e charmoso.
Se fosse um livro de
homem, o autor só precisaria de uma frase:
- “A mulher é muito
gostosa!”
Por falta de tempo, mesmo
com os apelos da minha mulher, não terminei o livro.
Nesse meio termo, ela já
leu o segundo volume e está ansiosamente na espera do terceiro.
Tanto que resolveu me
narrar o livro ela mesmo.
- “Se prepara, Senhor Grey,
sexta-feira você será só meu!”
Ih! Rapaz...
Me animei, claro! Afinal,
casamento é como uma empresa. O sucesso depende do empenho de todos.
Porque a falência está
sempre na espreita, espiando pela fresta da porta.
- Oba! Para onde nós vamos?
- “Deixa comigo!”
E ela pensou em tudo.
Resolveu nossa filha.
Deixou a menina de mala e
cuia para dormir na casa da professora.
Tudo bem, que minha filha
é um anjo de candura, as pessoas quase se estapeiam para tomar conta dela.
Foi no salão de beleza.
Ficou loira, pintou as
unhas e mexeu até na menina dos olhos.
Tomou um banho cleopátrico
e saiu esvoaçante do quarto.
Pronta para matar.
Que medo.
Eu fui na onda e fiz o que
qualquer macho másculo e sexy faria.
Amolei o pau na pia e peguei meu anti-alérgico.
Caso a cama do motel me
desse uma crise de espirro.
Sou alérgico a ácaro.
- “E aí, Senhor Grey, vamos
para nossa noite especial?”
- Vamos!
Estamos saindo de casa,
escuto um ruído agonizante.
O aquário estava em
polvorosa.
Gertrudes Geruza, minha rã
albina de estimação, estava tendo um infarto fulminante.
Olhando nos meus olhos ela
se contorceu, tremeu e faleceu.
- Puxa vida.
A mulher carnívora, sem
compaixão, bateu com o salto agulha no chão:
- “Vai dizer que você vai querer
enterrá-la justamente agora?!”
Se fosse um cachorrinho
ela não falaria assim.
- Não, tudo bem, faço isso
amanhã.
Vamos cuidar da perereca que
está viva.
Mas antes, tinha um aniversário
de uma amiga dela, no qual passaríamos para tomarmos uns drinks.
Assim que chegamos no
local, peguei a bolsa dela para juntar com as minhas coisas.
Percebi que a bolsa, apesar de pequena, estava
pesada para caralho.
- O que tem aqui dentro?
- “Segredo.”
Deveria ter lido o livro
antes. O cara sobrevive no final?
Fui abrir para xeretar,
mas ela não deixou.
- “Deixa isso aí!”
- Ok, ok.
A conta chegou exatamente
à meia noite.
Junto com um telefonema.
- “Minha filha, você está
onde?”
- “Estou num barzinho...”
- “Onde?”
- “Aqui perto de casa e...”
- “Estou chegando aí.”
E desligou.
- “Caramba, aconteceu
alguma coisa!”
Meu sogro daria uns
oitocentos e setenta mil Conta Uma.
Para
ele atravessar a ponte naquela hora, do nada, só para ver a filha poderia
significar infinitas coisas.
Desde
um problema muito sério até uma simples saudade.
Ele
é doido.
-
“Ai, não...E agora?”
-
O pai é seu.
-
“Pai a gente não escolhe, mas sogro sim.”
Meu
sogro tem um visgo que sai dos seus dedos.
E
tal qual uma aranha, ele vai tecendo uma armadilha para te prender.
Sentou
para beber com ele, vai ficar preso. Sem dúvida!
Lembra
daquele ursinho que terminava o comercial das pilhas Duracell batendo o tambor
eternamente?
É
ele!
Impossível
de derrubar no copo, no cansaço ou no tiro.
Esperamos num barzinho na esquina de casa.
A Mulher Degradê desolada...
- “Não acredito! Logo hoje nos meus cinquenta tons de
cinza!”
- Amor, calma. A gente descobre o que aconteceu, se
não for nada demais, batemos um papo com ele e dizemos que temos compromisso.
O plano era mais furado que cueca de mendigo.
Meu sogro é impertinente.
Chega ele todo sorridente igual o Tony Blair.
- “Minha filha! Você está linda!”
Bom, ficamos aliviados, pois de cara percebemos que
não havia problema algum.
A Mulher Degradê segurou a bolsa e se animou:
- Ainda temos chance!
Meu sogro é gente boa, batemos um papo e já estávamos
nos preparando para catapultá-lo quando...
Mensagem no telefone. 02:00
“Desculpe a hora, mas ela não quis dormir até agora e
está chorando pedindo vocês. Sorry!”
Puta que pariu.
Essa foi na traquéia.
GAME OVER....
- “Não acredito!”
- É...agora ficou impossível.
Minha mulher e meu sogro foram buscar a criança
enquanto eu fiquei esperando.
- “Por acaso, seu sobrenome é Morse?”
- Sim.
- Você não está me reconhecendo, eu te conheci muito
pequeno.
Era uma senhora, amiga do meu pai da época da
juventude, muito simpática por sinal.
Sentou-se a mesa e conversamos.
Chega minha filha com cara de quem sabe que fudeu a
noite dos pais.
- Tudo bem, filha, tudo bem.
Meu sogro só precisa de três minutos para fazer
amizade com alguém.
Em cinco já estava sacaneando a amiga do meu pai. Os dois
regulavam idade e começaram com aquelas histórias do passado.
Arrastamos a coroa para continuarmos o papo na minha casa.
Na altura do campeonato, não faria a menor diferença.
Quando levantamos da mesa, meu sogro fez menção de guardar
o celular da minha mulher na bolsa dela.
- “NÃO PAI!!!”
O grito aterrorizador fez com que todos do bar
olhassem para nós de uma vez só.
- “É que tem coisa de mulherzinha dentro.”
- “Tudo bem, filha.”
Por incrível que pareça, ele também não abriu.
Minha filha só foi dormir às 4 horas da manhã e nós
ficamos lá, batendo papo até o dia clarear, claro.
E o papo até que foi bem agradável e divertido.
E o papo até que foi bem agradável e divertido.
A amiga do meu pai é carola de verdade.
Quando fui levá-la até a porta, eu com minha boca
imensa, encerrei o encontro contando a história de quando menti descaradamente para
um padre.
Que quiser saber, leia:
Descobrimos que o padre é amigo íntimo dela.
Enfim. Agora a
igreja católica sabe o meu endereço.
Fim de conversa, beijos, tchau, fomos dormir.
Minha mulher abraçadinha na cama da minha filha,
apagou.
Do lado dela a bolsa.
A curiosidade matou quem mesmo?
Abri a bolsa de Pandora.
Não sei como ela fez para colocar tanta coisa na porra
de uma bolsinha um pouco maior que um smartphone.
Mas eu juro que tinha quatro calcinhas comestíveis, um
par de algemas, um chicote, duas velas, um pote de Nutella e uma navalha.
Que parada hein...
Que raio de livro é esse, meu Deus?
Que raio de livro é esse, meu Deus?
Por precaução, escondi a navalha.
Bom, seja lá o que for que ela estava pensando, vai ter que ficar para outro dia porque os únicos
cinquenta tons de cinza que eu vi, foi os do cabelo do meu sogro que dormia
como um bebê e roncava feito um dinossauro.
Essa foi boa!
ResponderExcluirPreciso ler esse livro!
Kkkkkkkkkkkkkk
mandou amigo!!!!!!!! não li esse livro ...mas me diverti com seu conto... kkkkk
ResponderExcluirAssim como vc nao terminei o livro...o conta uma foi muito mais interessante...hahahaha
ResponderExcluirParabéns cara!
ResponderExcluirEu estava aqui vendo fotos de gravatas, e achei essa obra de arte de blog!
Que sorte imensa eu tenho, ganhou um fã!