sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Cabelo em casca de ovo.

- Eu queria um Eggcheeseburguer!

Nos últimos dias ando me alimentando mal. Vou fazer dieta antes do carnaval.

- "Bota queijo senhor?"
-   Sim, claro!
- "Ovo também?"
É, né, o nome é egg...pode botar ovo.
- Salada, tomate, alface?
Faz um favor, me dá um queijo quente no pão integral. Minas!

O senhor ao meu lado sorriu, virou o resto do conhaque e saiu.

Bom dia!

Engoli o café e me apressei porque estou atrasado.

Ao contrário do que manda meu neurologista virtual, sempre ando pelos mesmos lugares.
Vou começar a traçar caminhos alternativos pra exercitar a memória.
Mas hoje não.
Na rua perto do meu trabalho tem uma porrada de prédios residenciais, mas tem um, em especial, que tem um jardim amplo e uma entrada suntuosa, bonita.
Tem duas entradas de garagem, e ao passar na frente da primeira garagem, a outra começa a piscar e apitar.
Plim, plim, plim, plim...
Isso quer dizer que um carro vai sair.
Acabo de reparar que por coincidência, sempre que passo nesse prédio, a garagem apita.
E nunca sai carro.
Eu achei que era coincidência.
Nunca é.

-“Oi!”

Sai uma voz do além.
Não sou médium, Deus me livre! Então procuro de onde ela veio.
Do interfone, claro!

-“Aqui na portaria.”

Intrigado, apertei o botãzinho azul.

-Oi!

- “Desculpe o mau jeito, mas você poderia esperar só um momento?”

Olhei para a portaria lá longe, vidro fumê.

Geralmente sou uma pessoa solícita.

- Tá!

Clack! Abriu o portão. (Hoje estou cheio de onomatopéias)

Fiquei esperando e já sentindo uma sensação estranha.
Hummmmm...

Vem o porteiro, com uns 1.70 de altura, branco, de uns 25, 26 anos, magrinho e com um cabelo que me chamou a atenção.
É que ele não tinha cabelo de porteiro, sabe?
Até porque porteiro geralmente nem tem cabelo.
Puro preconceito. Deixa pra lá!
Mas ele também andava meio que dançando e jogava muito os braços pra frente e pra trás.

Semáforo amarelo quer dizer atenção!

- Fala aí!
-“Tudo bom? Desculpa te chamar assim, você passa por aqui, todo o dia né?
- É, eu trabalho logo ali.
-“Eu vejo sempre você! Acho legal o seu jeito, seu cabelo.”

Sou muito simpático, mas nem dá pra descrever a risadinha sem graça que eu dei.

Não há a menor possibilidade de um homem heterossexual pronunciar essa frase.
Eu sei.

- “Na verdade eu toco o alarme da garagem todo o dia pra implicar com você.”

Outra risadinha  sem graça.

-Sério? Sacanagem, pô.
- “Sério! É que você passa sempre tão rápido, olhando pra cima!”
-É que geralmente estou sempre atrasado. Inclusive agora, nem dá pra bater papo que eu tô...
- “Ih menino, claro! Vai lá! Só queria mexer contigo”

Começou a rir, deu uma jogada no cabelo pra trás, e segurou no portão.

-Tá certo, tá certo...
- “Vem cá, qual o seu nome mesmo?”
- Angelo.
- “Prazer, Denison!”
-Valeu Denison!
-“Vai pela sombra!”

Deu outra risada, jogou a cabeça pra baixo e pra cima e sacudiu o cabelo.

Muito gay.

-Tchau!

E Denison ficou lá, na frente do prédio, me olhando ir embora.

Resumindo. Levei uma cantada do porteiro que usou a sirene da garagem como uma alternativa inovadora do fiu fiu.

E olha que eu nem sou assim um Alain Delon.
Na verdade, não me pareço em nada com Alain Delon.
Mas bem que eu poderia me chamar Alan.
Poderia ser gay também.
Mas pra falta de sorte de Denison, não sou.

Essa seria uma bela estória pra contar para os filhotes dos nossos gatos.

Mas admito que o cabelo dele até que é bonito.

9 comentários:

  1. Minhanósenhoradabicicletinhacorderosa! Estou shorando de rir!!!!

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  2. Cara você realmente tinha que criar esse blog!
    Muito maneira essa história|rindo muinto aq!!!

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  3. hahaha... Gostei! Vale a pena acompanhar. A gente passa por cada uma que seria muito egoísmo não compartilhar. Parabéns garoto! Sucesso aí. Abração!

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  4. Caracoles,
    adorei a inovação! Preciso adapta la....kkkkkkkkkkkk

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  5. Tem coisas que só vc mesmo cara, é a vantagem de ser autentico!!!

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  6. Tô rindo muito! Outro dia um taxista me seguiu até a casa da Allana, mas não falou nada, andava um pouquinho com o carro e parava p esperar eu passar. Fiquei com medo.

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  7. Cara, levar cantora de porteiro alheio é demais! he he he

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